quarta-feira, maio 31, 2006

A rádio, a selecção e as transferências

A rádio na imprensa de hoje:

1º O DN tem hoje um texto que ilustra, uma vez mais, a forma como as rádios se têm associado ao evento Mundial de Futebol. Para além da alteração do nome dos espaços desportivos das emissoras e da transmissão em directo das conferências de imprensa, apesar de raramente haver novidades, no jornal escreve-se hoje acerca dos hinos de apoio à selecção. O primeiro foi o da TSF e agora o da Antena 1. Pelo menos na TSF o hino até serve de indicativo para o Diário do Mundial.

2º Na newsletter Meios&Publicidade há ainda uma notícia sobre a rádio e o Mundial. No caso faz-se referência aos 100 mil euros que a rádio do Estado vai gastar na operação mundial.

3º O Diário Digital fala-nos de mais uma transferência de jornalistas da TSF para a RDP. Trata-se de Paulo Alves Guerra que transita para a Antena 2. É caso para perguntar quem é que estava a fazer serviço público de radiodifusão. Da TSF já saíram para a rádio do Estado nomes como Tiago Alves, Eduarda Maio, Maria Flor Pedroso, Maria de São José, Teófilo Fernando ...

terça-feira, maio 23, 2006

A Bandeirantes e os incidentes em São Paulo

A provedora do ouvinte da Rádio Bandeirantes abordou, no seu último programa, a cobertura que a emissora fez dos incidentes em São Paulo. Fica aqui um resumo escrito. É pena o som não estar disponível.

A selecção da rádio

No plano desportivo as rádios viraram-se para a participação das selecções nacionais de futebol nos campeonatos Europeu de sub-21 e Mundial na Alemanha. Mudaram os títulos dos espaços temáticos de informação desportiva de forma a estabelecerem uma associação com aqueles eventos futebolísticos. Jornal de Desporto antes, agora Diário das Selecções, Diário do Mundial, Diário do Europeu etc. Na verdade, mudou o nome e o tempo dedicado às selecções em cada um daqueles espaços informativos, pois continuam a incluir notícias dos clubes de futebol, das transferências de jogadores que não estão nas selecções etc.

A participação da selecção nacional de futebol é um daqueles eventos que eclipsam outros acontecimentos passíveis de cobertura jornalística. As redacções mobilizam-se, os jornalistas preparam-se ...

Desde 2004 que a principal selecção de futebol tem sido acompanhada diariamente de forma exaustiva. Um dos exemplos é a transmissão em directo das conferências de imprensa. Esta prática representa pouco mais que a associação dos meios noticiosos - neste caso a rádio - ao próprio evento.

Numa selecção que privilegia a coesão do grupo - o que é normal - a opção dos seus responsáveis passa por não abordarem qualquer outro assunto que não seja a selecção ou o campeonato do Mundo. Não se fala de transferências, não se fala dos jogadores que não foram convocados. O objectivo é não "desestabilizar".

O que é que sabemos então das conferências de imprensa que a rádio tem transmitido em directo ? Que "o grupo está motivado", que "estou aqui é para ajudar a selecção", que "o mister Scolari é que vai decidir quem joga" que "respeitamos as outras selecções" etc, etc, etc.

Não há novidade. A rádio está presente, mas na verdadeira definição do termo, não está a informar.

Transmitir em directo conferências de imprensa com o conteúdo daquelas que se têm ouvido é uma forma da rádio dizer "Presente" e de se associar a um evento simpático para a opinião pública. Mas, mesmo conscientes disso, as rádios não abdicariam dessa transmissão. Poderia ser um tiro no pé, caso eventualmente, saísse dali novidade.

É o triunfo da actualidade sobre a informação.


Uma nota de rodapé

quarta-feira, maio 17, 2006

RDP em podcast

A RDP tem finalmente disponível em podcast um conjunto de espaços radiofónicos das rádios Antena 1, 2 e 3.
Agora é possível descarregar conteúdos áudio tão distintos como entrevistas, crónicas ou programas que foram emitidos originalmente na Rádio de serviço público.

Há Vida em Markl, Conselho Superior ou Dias do Avesso são alguns dos espaços agora disponíveis em podcast.

Depois das rádios da Media Capital, da TSF e da RUC chegou agora a vez da RDP entrar no mundo do podcasting.

sexta-feira, maio 12, 2006

Um olhar sobre o podcasting português

O programa da TSF, Rádio.com, desta semana teve como tema principal os resultados de um inquérito que apliquei junto dos podcasters portugueses. Agradeço o interesse da TSF e em particular do João Paulo Meneses.
Aqui ficam alguns resultados do inquérito e que, julgo, poderão contribuir para perceber quem são os pioneiros do podcasting português.

Metodologia:
Foram tidos em conta para este trabalho os podcasts portugueses registados nos directórios Lusocast e Cotonete entre os dias 1 e 14 de Março de 2006 e que nessa altura tivessem sido actualizados pelo menos uma vez nos últimos dois meses. Foram excluídos os podcasts cuja autoria fosse de empresas de comunicação social.
Foram encontrados 31 podcasts nestas condições. Para eles foi enviado, via mail, um questionário que tinha como objectivo recolher dados sobre o fenómeno em Portugal, o que dele pensam os seus protagonistas e qual a relação com a rádio.
Responderam autores de 17 podcasts correspondendo a uma taxa de retorno de 54,84%
Como os questionários foram enviados para o podcast e não para cada autor individualmente, com a obtenção das respostas foi possível identificar 4 podcasts colectivos (duas ou mais pessoas) totalizando 23 podcasters.
Foram ainda identificadas quatro instituições autoras de podcasts.

Um perfil do podcaster português
O autor é homem (73%), tem menos de 30 anos (76,19%), tem formação superior (78%), iniciou-se nesta actividade pelo “Gosto pelas novas tecnologias” e pelo “Gosto pela rádio” e criou o seu podcast entre Dezembro de 2005 e Março de 2006 (47%).

Um perfil do podcast nacional
Os podcasts nacionais são maioritariamente produzidos por uma única pessoa (52%). O cenário do podcasting nacional inclui ainda podcasts de instituições religiosas, culturais e comerciais e podcasts colectivos, ou seja produzidos por duas ou mais pessoas.
O podcast nacional é, de acordo com os respondentes, informativo, actualizado semanalmente (64%), tem convidados no programa e utiliza entrevistas a amigos e conhecidos do podcaster. 94% dos respondentes afirmou receber retorno dos seus ouvintes. Recebem sobretudo comentários aos programas que chegam, em 87,5% dos casos, via mail. A totalidade dos podcasts nacionais associa o seu podcast a um blogue (35,29%), a um site (29,41%) ou a ambos (29,41%).

O que pensam os podcasters

Os podcasters nacionais consideram que o podcasting representa uma nova forma de expressão (76,47%) e uma oportunidade para a rádio uma vez permite levar a rádio mais longe, a mais gente e funciona como uma nova forma de disponibilizar outros conteúdos que não se enquadram nas “formatações” das rádios... às vezes, com bastante sucesso e até lucro!
Outros podcasters nacionais consideram que A rádio é para o podcasting o mesmo que o VHS é para o DVD ou a cassete para o CD. É passado.
A portabilidade, a diversidade de conteúdos e maior liberdade na escuta, que deixa de depender do espaço e do tempo, foram as principais vantagens do podcasting invocadas pelos respondentes.

O programa pode ser ouvido aqui.

Ainda os programas com participação de ouvintes

O DN publica hoje um artigo que relança o debate sobre os programas em directo com participação dos ouvintes ou telespectadores. O texto é motivado por um episódio ocorrido recentemente durante o programa "Opinião Pública" na SIC Notícias, quando um dos participantes insultou a apresentadora daquele espaço.

Estes programas encerram em si mesmo um perigo evidente que decorre do facto de serem em directo e de convocarem uma série de opiniões, sensibilidades, culturas etc. Mais uma vez a questão do equilíbrio entre possibilitar um espaço para o debate público e os perigos que daí advêm faz todo o sentido.

Num dos posts recentes neste espaço fiz referência à opção que a National Public Radio tomou relativamente ao programa Talk of the Nation. A rádio publica norte-americana tem um sistema de atraso entre o telefonema do ouvinte e a sua entrada no ar que permite à equipa do programa filtrar as participações em função de determinados critérios - aliás discutíveis do ponto de vista dos ouvintes.

Este método retira espontaneidade ao programa e atribui maior poder aos jornalistas na condução do espaço, mas talvez possa contribuir para evitar que surjam situações menos agradáveis em directo.

Ouvidos pelo DN, os responsáveis da TSF e Antena 1, que emitem programas de antena aberta, optam pelo pragmatismo.
José Fragoso (TSF): "Se o ouvinte viola o espaço que lhe é dado, tiramo-lo do ar e arrumamos a questão. Tão simples como isso."
João Barreiros (Antena 1): "Acabar com eles [com os programas] por medo do imprevisto seria profundamente negativo".

Também me parece que acabar com este tipo de programas seria uma má escolha, uma vez que, apesar de alguns momentos menos felizes protagonizados por alguns ouvintes, a verdade é que o Fórum da TSF, a Antena Aberta e outros espaços semelhantes que existem nalgumas rádios locais portuguesas são dos poucos exemplos da abertura dos meios de comunicação social à participação do público. E isso não deve ser menosprezado.

Paula Cordeiro, no seu blogue Netfm também fala desta questão.

quarta-feira, maio 10, 2006

A rádio portuguesa e o podcasting

De destacar duas notícias desta semana sobre o podcasting em Portugal. A do DN que nos informa que são os programas de entrevistas da TSF os podcasts mais descarregados daquela emissora. Os programas são "Pessoal e Transmissível" e "Contas de Cabeça".
A outra notícia é do Diário Digital e diz-nos que a rádio pública vai finalmente lançar programas das rádios Antena 1, 2 e 3 em podcast. Só não se sabe quais são os programas que vão estar disponíveis.
De referir, contudo, que o programa O Ouvido de Maxwell emitido na Antena 2 já está em podcast.

Sinal que as rádios começam a perceber as vantagens que o podcasting pode representar para elas. Ainda estamos na fase do "arquivo digital" ou seja a colocação em podcast de programas emitidos originalmente na rádio hertziana. O tempo da criação de conteúdos próprios para podcast chegará.

Entre os chamados "amadores", o fenómeno continua a crescer. Em Março estavam registados nos directórios Lusocast e Cotonete pouco mais de 30 podcasts feitos por amadores, ou seja excluindo os das rádios, do cotonete, SIC e Expresso. No final de Abril contabilizei perto de 60.

domingo, maio 07, 2006

Leituras

O blogue de Luís Santos, Atrium, faz referência a um dossier do The Economist sobre os novos media. Estão disponíveis vários artigos. Destaco este sobre podcasting.

Podcasting para vigiar jornalistas

O podcasting pode ser uma forma de vigiar o trabalho dos jornalistas?
O jornalista e investigador dos media, Carlos Castilho, faz referência, num artigo disponível no Observatório de Imprensa, a um projecto que visa testar a transparência jornalística combinando texto com áudio de forma a que o leitor possa confirmar se a citação que o jornalista faz corresponde exactamente ao que foi dito pelo entrevistado.

Os responsáveis pelo projeto acreditam que a iniciativa pode reduzir drasticamente os escândalos de falsificação de informações que sacudiram a imprensa mundial, especialmente a norte-americana, pois os repórteres e editores terão que ser fiéis à suas fontes e isto poderá ser checado a qualquer momento.

A relação entre o podcasting e a prática jornalística é uma das questões mais pertinentes e que interessará discutir nos próximos tempos. O artigo de Castilho explora as consequências que a utilização desta ferramenta poderá trazer para os próprios jornalistas se for utilizada para "avaliar" a transparência jornalística.

O artigo é de 2005, mas vale a pena passar por lá numa altura em que o jornal Expresso publicou uma manchete, pelo menos polémica, sobre uma entrevista concedida ao jornal. O Expresso é, recorde-se, o único jornal português que tem parte dos seus conteúdos em podcast, mas a entrevista a Freitas do Amaral não está.

quinta-feira, maio 04, 2006

Rádio é o quarto media com maior índice de confiança

De acordo com um estudo encomendado pela BBC, Reuters e Media Center os habitantes de dez países, entre os quais Estados Unidos, Reino Unido, ìndia ou Nigéria, confiam mais na comunicação social do que nos seus próprios governantes. A média de confiança nos meios de comunicação social é de 61% contra 52% nos governos. A excepção verifica-se nos Estados Unidos, Alemanha e no Reino Unido onde a confiança é maior nos governos. Ou seja, é nos países em vias de desenvolvimento que a confiança nos meios de comunicação social é maior.

O estudo mostra que a rádio é o quarto meio de comunicação com maior índice de confiança, a seguir à Televisão (82%), aos jornais nacionais e regionais (75%) e aos jornais locais (69%). A rádio pública tem uma média de confiança de 67%. Já a rádio comercial ocupa a 7ª posição com uma média de confiança de 55%.

Só na Alemanha a rádio é o medium que merece mais confiança por parte da população. Ao invés, no Brasil este meio de comunicação não aparece nas primeiras oito posições.

A televisão é também vista como a mais importante fonte de informação para os inquiridos. A rádio aparece em terceiro lugar em parceria com a Internet.