Da entrevista que José Nuno Martins deu à revista Aprender, sublinho as seguintes passagens:
Expectativas – “Não estava à espera de uma participação tão qualificada. Não é tanto pela quantidade, mas é pela qualidade da análise do ouvinte português. Isso sim surpreende-me.”
Só na rádio pública? – “O trabalho reflexivo e de debate sobre a imprensa é muito sólido e portanto parece-me natural que tudo tenha começado pela imprensa e depois se tenha aplicado mais à televisão e que na rádio, por arrastamento tenha acontecido também. O próximo movimento será inevitavelmente as televisões privadas e as rádios privadas por toda a Europa adoptarem o provedor.”
Acerca do convite – “Tenho 42 anos de profissão, como lhe disse eu estava num impasse profissional e achei que foi um desafio muito interessante. Fartei-me de estudar durante os primeiros seis meses e ainda hoje estudo para recuperar tempo perdido. Os profissionais de rádio e os de televisão também, não têm tempo para pensar. É tudo demasiado rápido. Era importante que alguém começasse e quando surgiu o convite eu achei honroso.”
O perfil do provedor – “Eu se tivesse que escolher, não teria chamado o José Nuno Martins. Eu teria ido buscar um académico como o professor Paquete de Oliveira. Porque faz falta. Eu vejo-me aflito para fundamentar, às vezes, as decisões porque não existe matéria fixada. São muito raros os estudos. E as investigações, então, raríssimas. (...) é bom que o próximo provedor seja um académico.”
Defensor ou mediador ? – “A convicção é que ele é um defensor do ouvinte. Usei na altura uma expressão que sei que foi muito mal recebida na empresa. Eu disse que tinha mudado de trincheira. É que isto é uma batalha. Para fazer passar o conceito de que o consumidor tem direitos, é uma coisa completamente inédita na cabeça dos profissionais.”
Sobre o serviço público de rádio – “Tem que ser uma coisa que seja consensual. Que seja gostosa de ouvir. Que seja um referencial em termos de padrões de equidade informativa. Mas que tenha que ser também verdadeira, a verdade acima de tudo. Tem que ser contundente, apesar de se tratar de uma coisa com raiz, se quiser, política.”
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