Tal como há um ano, a aposta no novo figurino do Rádio Clube, mais virado para a informação, beneficiou de um fértil dia informativo.
No dia 29 de Janeiro de 2007 o tema do dia girou em torno da campanha para o referendo ao Aborto, que começaria no dia seguinte. João Adelino Faria e Nuno Domingues, sempre mais o primeiro que o segundo, conduziram a primeira emissão do Minuto-a-Minuto centralizada num inquérito feito aos deputados sobre a interrupção voluntária da gravidez. Doze meses depois, o Rádio Clube voltou a ter a agenda do seu lado com a notícia, embora surgida mais tarde, da remodelação no governo de Sócrates.
São dias como estes que os jornalistas gostam. Não que profetizem a desgraça, mas por se sentirem colocados à prova. Então os de rádio… Não há muito tempo um jornalista de uma rádio dizia-me que precisava de uma guerra, farto que estava de ‘picar’ o ponto de conferência de imprensa em conferência de imprensa !!!
Ora, o que fica, um ano depois, do novo Rádio Clube?
A mais-valia – As manhãs. São dinâmicas e informativas e que ficaram a ganhar com a entrada de Ana Bernardino. João Adelino Faria fica mais ‘solto’ para fazer o que realmente sabe fazer muito bem: conversar e entrevistar. As manhãs do Rádio Clube oferecem realmente uma agenda diferente da concorrência. Não vale a pena discutir se marcam ou não a agenda dos outros media, mas possibilitam outros olhares e isso, parece-me, é positivo.
As manhãs do Rádio Clube têm ainda um bónus: uma revista da imprensa internacional.
O Minuto-a-Minuto está centralizado na figura de João Adelino Faria, mas seria injusto não destacar o excelente papel desempenhado diariamente por Nuno Domingues.
A desilusão – As Noites. Luís Osório chegou a dizer que pretendia que as noites fossem um “espaço nobre e de culto na rádio em Portugal". Tem razão. Esperava-se (espera eu, pelo menos) que ele oferecesse esse novo dinamismo. Não me parece que tal suceda. É verdade que as noites na rádio não interessam a quem gere a rádio. Não dá lucro. A televisão é uma forte concorrente. O horário radiofónico das 20 horas não é aliciante, mas faz mesmo falta um programa de informação que organize a velocidade do dia radiofónico. Só encontro isso na Renascença. O Rádio Clube oferece-nos, no fundo, uma escuta renovada da Bancada Central.
Entre a mais-valia e a desilusão fica:
- A “Janela Aberta” com entrevistas muito bem conduzidas por Ana de Sousa Dias e algumas reportagens interessantes. Ana de Sousa Dias corrige a pouco e pouco algumas falhas inciais nas ligações entre espaços do programa;
- Os noticiários, que continuo a encará-los como o resto da actualidade depois de uma manhã cheia. Aqui o Rádio Clube volta à agenda, digamos, comum e expectável.
- Os desdobramentos da emissão que, com pena minha, ainda não consegui ouvir, pois escuto a emissão de Lisboa.
…E um desejo. Que as magras audiências não sejam pretexto para acabar com esta nova linha do Rádio Clube. Para quem procura informação na rádio seria uma enorme perda.
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