A sessão que juntou os responsáveis pelo multimédia da RDP, TSF, RR e Média Capital foi muito interessante e dela retiro a ideia de que em matéria de futuro da rádio há mais interrogações do que propriamente certezas.
Ou melhor, uma das certezas parece agora assentar em discursos mais cautelosos sobre a já há muito anunciada "morte da rádio". Com efeito, já ninguém arrisca dizer que a rádio vai morrer, mas sim que a emergência das novas tecnologias está a questionar a rádio tal como hoje a conhecemos. O discurso, pelo menos daqueles que participaram na sessão, aponta para o cenário de uma rádio que viverá de multiplas plataformas onde convive o som, o vídeo, o texto, a fotografia etc. Num tal cenário, a rádio proporciona informação personalizada e serve de palco para redes sociais.
Já sobre o caminho para lá chegar é que voltamos a encontrar algum desencontro nos discursos. Por exemplo, Carlos Marques, da Media Capital, considera que o futuro da rádio passa por um cenário a que chamou de "digi-media". Trata-se de um cenário onde convive a distribuição multiplataforma: FM+digital+net+mobile+cabo. A rádio disponibilizará serviços e conteúdos multimédia e proporcionará dinâmicas de envolvimento com o ouvinte. O que distingue, segundo percebi, o discurso de Carlos Marques dos restantes é naquilo que deve ser o eixo fundamental dessa "nova rádio". Para o director multimédia da Média Capital Rádios, esse eixo é o som. É em volta dele que todas as outras ferramentas devem crescer e desenvolver-se.
Fiquei com a ideia que para Pedro Leal, da Renascença, a rádio do futuro passa por um cenário semelhante, mas a aposta é sobretudo ao nível da imagem e muito em particular do vídeo, como aliás, já hoje acontece no site da RR.
Rui Pêgo, da RDP, considerou menos relevante discutir se tudo isto de que falamos (som e imagem e texto e fotografia etc) ainda é rádio. Julgo que este é o principal aspecto: saber se ainda é rádio. Por vezes é bom regressar à origem dos conceitos para percebermos o que está a montante.
Rádio é som. E isto, parecendo uma evidência, não é irrelevante porquanto a rádio é o que é precisamente porque se baseia numa comunicação sonora. Se ouvimos rádio enquanto conduzimos é porque precisamos de uma forma de comunicação que não requeira o nosso olhar. Se ouvimos rádio de manhã para saber as últimas é porque a rádio, enquanto meio sonoro, é o único que nos pode facultar de forma rápida e imediata essas informações e nós podemos consumi-las partilhando a sua escuta com uma série de outras actividades.
A net convoca a totalidade da nossa atenção e exige-nos uma resposta. E nós respondemos, caso contrário não é net. A rádio guia o nosso quotidiano e para isso ela tem que estar ao nosso lado sem nos impossibilitar de viver esse quotidiano.
Independentemente do conjunto de ferramentas e serviços que a rádio do futuro nos proporcionará, o ser humano continuará, seguramente, a necessitar de saber do mundo no momento em que o vive.
A Internet é, garantidamente, uma excelente oportunidade para renovar a rádio.
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