terça-feira, setembro 23, 2008

José Nuno Martins e a rádio pública

À revista JJ do Clube de Jornalistas o antigo provedor do Ouvinte da RDP, José Nuno Martins, faz um balanço da actividade que desempenhou durante dois anos.

Aqui ficam algumas passagens:

Sobre a Informação: "(...) É pena que não haja um jornalismo mais cosmopolita que além de falar do país pequenino que nós somos, e da pequenina política e da pequena saúde, da pequena justiça de todos os dias e do pequeno futebol ou do grande futebol, não saiba apresentar mais do mundo. Do grande mundo, do vasto mundo. O jornalista também precisa de nos levar a regiões que não conhecemos e de que ouvimos cada vez menos".

Sobre a Antena Aberta: "(...) A Antena Aberta é um meio caótico do ponto de vista conceptual e do ponto de vista funcional. Todos os meios caóticos são pouco tratáveis em televisão e em rádio. Há um depuramento que se exige dos profissionais e dos jornalistas. Um depuramento estético também. Isto não é abrir o microfone e digam para aí o que quiserem. Situações que são de impulso e de primarismo, de falta de preparação específica."

Sobre a Antena 2: "(...) Há um erro interpretativo acerca dos desígnios que são atribuídos pelos ouvintes à Antena 2. Há uma carga tradicional na Antena 2, houve uma evolução de públicos. Eu acho que houve impulsos demasiados quando o novo director tomou conta dos destinos da Antena 2. Há deficites grandes na programação da Antena 2 que se prendem, por exemplo, com a divulgação científica, divulgação de experiências de teatro radiofónico, de radioarte. Tudo são coisas desgarradas não há conceptualização nenhuma a esse nível. O que houve foi a vontade de alterar modelos, paradigmas de programação da própria estação. E com isso o que é resulta? Perdeu-se o público."

Sobre a Antena 3: "(...) Isto é, alguma vez você ouviu falar, por exemplo, sobre fiscalidade? Alguma vez ouviu falar sobre o dia cívico? Alguma vez ouviu questionar a ida de soldados portugueses, gente de 19 anos, para a Bósnia, para o Afeganistão? Faz sentido um país aflito estar a gastar o dinheiro que está a gastar? Isto é uma coisa que merece ser discutida ou não? Faz parte ou não, deve fazer parte ou não?
Eu não estou a dizer que se fale de educação sexual só por se falar, só para encher tempo, porque isso afastaria os ouvintes. O que é preciso é descobrir fórmulas que sejam suficientemente cativantes, muito sustentáveis numa programação musical muito específica, em que obviamente a nova música popular portuguesa tem que ter um desempenho muito grande e deixou de o ter também nesse plano. Acabaram com a “Quinta da 3” e não se vê que tenham feito propostas alternativas a isso."

Sobre o seu desempenho: "(...) eu tenho dúvidas de ter sido o provedor de que as pessoas estavam à espera. O que eu não tenho dúvidas é que fui o provedor que fui capaz de ser. Esforcei-me muito, trabalhei muito. Isto foi muito violento. Foi realmente muito violento. Não é que eu não tenha tido na vida momentos e fases em que não tenha trabalhado ainda mais, mas eu não imaginava que isto fosse tão violento. Se calhar porque não fui ambicioso aqui na constituição… "

segunda-feira, setembro 22, 2008

Acerto...

... no regresso das emissões no Rádio e Jornalismo sublinho a rentrée das rádios portuguesas, criando em alguns casos novos programas e noutros mantendo antigas apostas.

O dia de hoje assinalou a nova grelha da TSF que foi explicada recentemente por Paulo Baldaia, o seu director, ao Diário de Notícias. À primeira audição registo como positiva a manutenção da Reportagem TSF, que passa agora para a 5ª feira, em vez de sexta-feira, quando a TSF passará a emitir um novo programa chamado "Governo Sombra", curiosamente à mesma hora a Antena 1 emite o programa de debate e análise política "Contraditório". Num registo de informação útil, parece-me também positivo a continuação e o alargamento de pequenos espaços onde se pretende abordar a saúde (Clínica Geral) ou fiscalidade (Conselho Fiscal).
De negativo: lamento a saída de Denise e Maria Delfina e a não existência, no espaço nocturno, de um programa de análise da actualidade do dia. Negativo também o alargamentodo programa "A Idade da Inocência".

O arranque da nova programação do Rádio Clube aconteceu já há uns dias atrás e vem explicada em entrevista de Luís Osório ao Correio da Manhã. Destaco duas situações e ambas positivas: a parceria do Rádio Clube com o CM, que à semelhança de idêntico cenário entre TSF e DN, avançou com um programa de grande entrevista que é emitida na rádio e publicada na imprensa. Registo ainda as alterações (inevitáveis) no programa Janela Aberta. Dentro do estilo de uma espécie de informação e entretenimento que o Rádio Clube insiste em manter nas tardes, o par Teresa Gonçalves e Aurélio Gomes parece-me o mais adequado.

Na tentativa de acertar com a actualidade radiofónica nacional, registo ainda como muito positiva a série de programas levada a cabo pelo novo provedor do Ouvinte da RDP. O último desta série será dedicado a um "balanço das críticas dos seus convidados, a quem perguntou também o que faz mais falta na Rádio pública de hoje".


A série de programas pode ser escutada aqui.