domingo, fevereiro 26, 2006

Entrevistas a podcasters nacionais

Vale a pena passar pelo Rádio Critica do Francisco Mateus. O blogueiro e locutor tem estado a entrevistar alguns radialistas que entretanto aderiram ao podcasting. Primeiro Pedro Esteves, depois Ricardo Mariano e agora Francisco Amaral.

terça-feira, fevereiro 21, 2006

O jornalista da rádio no futuro

Por causa da Internet e da digitalização da rádio, Miguel Ortiz e Juan Cuesta (2003) vêem assim o futuro jornalista da rádio.

"Se tiende hacia un profesional polivalente que trabaja en diferentes lenguajes y soportes, con unas competencias tecnológicas de usuário mucho más flexibles: elabora un contenido que sirve para una locución clásica, redacta una pieza dirigida a un PAD y además, realiza otra, que no tiene sentido difundir para la gran mayoria, pero que puede interesar a un segmento concreto de la audiencia y, probabelmente, vaya destinada a un servicio de pago. El mismo redactor desarrollará las tres piezas utilizando, según convenga, textos, imágenes y sonidos: un periodista multimedia."


E Jesus S. Olmo (2005) acrescenta:

"(...) un profisional capaz de afrontar la actividad informativa y productiva en radio, prensa, televisión, Internet y en todo aquello que nos vaya proporcionando el avance de la ciencia y el conocimiento"

Será ?

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

A agenda da rádio

A capacidade que a rádio tem para influenciar a agenda do dia decorre do seu dispositivo comunicacional, caracterizado pelo imediatismo, instantaneidade, simultaneidade e rapidez que classificam este meio de comunicação como um “medium” informativo por excelência.

“La rádio será, pues, la primeira en suministrar la «primera notícia» de un acontecimento y ésta es una de las principales características del periodismo radiofónico” (PRADO: 1985, 23).

Mas estas mesmas características tornam a rádio refém de um discurso determinado pela existência de curtos ciclos informativos. A consequência prática é que a rádio procura temas previsíveis que lhe garantam o preenchimento dos seus espaços informativos.

Um estudo conduzido por Villafañe el. al. sobre a informação difundida pelas televisões TVE e TVE3 e pelas rádios RNE e SER determinou que das cem notícias difundidas por aqueles órgãos, só cinco não estavam previstas.
Os noticiários da rádio ficam por isso amarrados a acontecimentos que emergem no dia e tendem a esquecer outros temas cujo interesse/significado não é imediato, que são transferidos para os fins-de-semana ou para programas de informação.

Vem tudo isto a propósito do dia da Ciência que a TSF decidiu incluir hoje na sua agenda. Ao fazê-lo, contrariou a tendência da rádio para tratar assuntos imediatos e colocou na discussão pública um tema de extrema importância, mas que dificilmente entraria nas agendas dos noticiários a não ser através da emergência de um qualquer acontecimento a ele ligado: o anúncio de um novo projecto, uma declaração de um responsável etc.

E com isto já hoje ouvimos um ministro a pedir mais dinheiro para o seu ministério.

Provedor do Ouvinte

A lei que estabelece a criação de provedores do ouvinte e do telespectador na rádio e televisão públicas portuguesas.

Artigo 23.º-D
Competências


1 - Compete ao Provedor do Ouvinte e ao Provedor do Telespectador:

a) Receber e avaliar a pertinência de queixas e sugestões dos ouvintes e
telespectadores sobre os conteúdos difundidos e a respectiva forma de
apresentação pelos serviços públicos de rádio e de televisão;
b) Produzir pareceres sobre as queixas e sugestões recebidas, dirigindo-os aos
órgãos de administração e aos demais responsáveis visados;
c) Indagar e formular conclusões sobre os critérios adoptados e os métodos
utilizados na elaboração e apresentação da programação e da informação
difundidas pelos serviços públicos de rádio e de televisão;
d) Transmitir aos ouvintes e telespectadores os seus pareceres sobre os conteúdos
difundidos pelos serviços públicos de rádio e de televisão;
e) Assegurar a edição, nos principais serviços de programas, de um programa
semanal sobre matérias da sua competência, com uma duração mínima de 15
minutos, a transmitir em horário adequado;
f) Elaborar um relatório anual sobre a sua actividade.

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Rádio mais machista

O DN divulga hoje um estudo sobre Os Media e as Mulheres no qual foram analisadas notícias dos meios de comunicação de vários países. No caso português, o estudo foi realizado por Maria João Silveirinha, da Universidade de Coimbra. Foram analisadas 140 peças noticiosas de imprensa, noticiários dos três canais generalistas de televisão e três noticiários da RR, TSF e Antena 1.

No caso da Rádio escreve o DN:

Rádio mais «machista»

Foram as mulheres quem produziu 57% das notícias portuguesas - uma média superior ao total dos países, 37%. A percentagem de repórteres mulheres é equitativa (51%), sendo um pouco superior na televisão (59%). O estudo sublinha que "não parece existir diferenciação entre os temas tratados por mulheres e homens jornalistas". Na rádio a produção de notícias foi marcadamente feminina (71%) e 29% dos apresentadores foram mulheres. No entanto, 88% das notícias têm no seu assunto homens.


Embora sem os objectivos, a profundidade e o alcance deste estudo - longe disso - num trabalho de análise aos noticiários das 9 horas da RR, TSF e Antena 1 nos últimos dez dias da campanha eleitoral para as últimas presidenciais, constatei que 66,6% dos referidos noticiários foram apresentados por mulheres. Quanto à produção de notícias sobre a campanha eleitoral predominam as vozes femininas, mas não tenho números pois o objectivo não era de facto este.

Fica só a nota !!

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

A NPR e os cartoons

O provedor da National Public Radio (NPR) debruça-se sobre uma interessante questão a propósito dos cartoons publicados por alguns jornais europeus.
Jeffrey A. Dvorkin recebeu uma série de questões dos ouvintes questionando o ombudsman sobre a atitude da estação, e em particular do site da NPR, em não colocar online os ditos cartoons, acompanhando as notícias sobre o assunto.
Os ouvintes da NPR, e em concreto os cibernautas, estão divididos acerca desta matéria. Para uns é importante colocar os cartoons na medida em que eles se tornaram notícia, ou seja é preciso vê-los para perceber o que se passa. Outros entendem que a liberdade de expressão não se esgota neste caso e que se os cartoons causaram esta ira no mundo muçulmano, a NPR fez bem em não os colocar no seu site. Neste caso, a descrição dos cartoons por palavras é suficiente.

Ou seja, dizer o que se vê é menos ofensivo do que mostrar, mesmo que aquilo que se diz seja igualmente ofensivo.

O texto de J.Dvorkin aqui.

Rádio Digital na Suécia

A notícia já tem dois meses, mas fica como contributo para a discussão em torno do DAB e das suas reais vantagens.

terça-feira, fevereiro 14, 2006

Seminário sobre Rádio Digital II

No fax informativo da APR, José Faustino, presidente daquela associação, faz uma breve nota sobre o seminário que decorreu na última quinta-feira sobre a Rádio Digital:

Para que qualquer sistema se imponha no mercado é necessário que o Estado, os operadores e a indústria convirjam nos seus interesses, ora com o sistema DAB tem sido difícil encontrar essa convergência.
O sistema é caro para os operadores, o Estado não tem dinheiro e não o quer financiar, a indústria não fabricará receptores baratos enquanto o publico não os consumir massivamente.
Outro dos problemas deste sistema é que não permite uma evolução gradual do actual sistema analógico para o novo digital.
Contrariamente, tanto o DRM como o IBOC permitem uma adaptação gradual, permitindo aos ouvintes, a pouco e pouco, uma mudança de receptores.
Infelizmente, actualmente na Europa, em FM, não temos alternativa ao DAB, mas o consórcio encarregado de desenvolver o DRM anunciou que dentro de dois anos (2008-?) apresentará uma norma de adaptação ao FM.


Deixo outras notas complementares ainda sobre o mesmo encontro:

- O DRM pode significar mais que a migração para o digital. Pode representar a captação de novos públicos para a rádio, na medida em que dará mais qualidade a um tipo de emissão (Onda Média e Onda Curta) actualmente pouco escutada, especialmente pelos jovens.

- A pouca aceitação do DAB não só pelos ouvintes, mas também por parte dos fabricantes de automóveis, que têm apostado muito mais em leitores de MP3 (Ideia deixada por Rui Magalhães da Rádio Renascença)

- O DAB interessa pouco às rádios locais portuguesas, na medida em que a especificidade local da sua programação pouco terá a ganhar com os serviços oferecidos pelo DAB.

- Alguns números deixados na útil apresentação de Miguel Henriques da Anacom:

- 123 estações em OM emitem em IBOC-DSB em modo hibrido;
- Mais de uma centena de estações emite em DRM;
- 540 estações em FM emitem no modo híbrido no sistema IBOC (Norte-americano)
- O DAB em Portugal: A RDP possui 49 emissores cobrindo cerca de 85% do
do território nacional. 30 emissores no continente, 9 nos Açores e 7 na
Madeira.

sábado, fevereiro 11, 2006

Seminário sobre rádio digital

Do seminário que a Associação Portuguesa de Radiodifusão (APR) promoveu na passada quinta-feira sobre a Rádio Digital sublinho duas ideias que me parecem resumir o encontro. A primeira, que a rádio será no futuro digital, a segunda que o futuro não está assim tão próximo, pelo menos em Portugal.

Apesar dos participantes terem concordado que a migração da rádio para o digital é um processo irreversível, subsistem algumas dúvidas quanto ao melhor sistema a adoptar numa perspectiva de melhor servir os ouvintes da rádio portuguesa.

A visão que atribui ao Digital Audio Broadcasting (DAB) o melhor cenário parece-me estar longe de ser consensual. Não está em causa as vantagens que o sistema trará para fabricantes, operadores e até mesmo para os ouvintes. O problema, parece residir, na consciência que esses mesmos ouvintes terão dessas vantagens de tal forma que os motive a adquirir os aparelhos necessários para a recepção.

Ou seja, o DAB pretende digitalizar a emissão em FM, precisamente aquela que menos problemas de recepção oferece para os ouvintes. Então o que os levará a mudar ? Foi uma das questões levantadas no seminário. A excepção parece ser o Reino Unido, onde a popularização do DAB tem sido excepcional - segundo dados divulgados na apresentação feita por Miguel Henriques, da Anacom, só no último período natalício foram vendidos cerca de 400 mil receptores.

Pelo contrário emerge cada vez mais o interesse pelo Digital Radio Mondiale (DRM) cujas vantagens parecem ser mais óbvias, pelo menos para os ouvintes, uma vez que pretende digitalizar a difusão que é actualmente feita em Onda Média e Onda Curta, cuja qualidade de som é claramente má. Uma experiência que pode ser feita aqui.

RTVE cria provedor

De acordo com a Meios & Publicidade a RTVE criou um provedor de rádio e de televisão. Segundo a notícia, o defensor será “um órgão independente do qual a RTVE se dota para o exercício da autocrítica”.
A Meios&Publicidade, citando o El Mundo, refere que Manuel Alonso Erausquin, ex-jornalista da TVE, será o primeiro provedor.

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

"O colapso das rádios locais"

O artigo do DN, no passado sábado, escapou-me por completo, mas o atento blogue A Rádio em Portugal trouxe, e bem, o assunto para a "agenda dos blogues".
Refiro-me ao artigo de opinião da autoria de Nuno Azinheira, sobre as rádios locais em Portugal. É um assunto pelo qual o blogueiro se interessa em particular e por essa razão deixo alguns cometários, apesar de já o ter feito noutros ocasiões, neste mesmo espaço.

A questão a que Nuno Azinheira alude - o colapso das rádios locais - é motivada pela aquisição da Rádio Ocidente, Sintra, pelo Grupo Renascença, desconhecendo-se, para já o que pretende fazer com a emissora adquirida.
Este é, infelizmente, um cenário que se tem vindo a repetir desde o início dos anos 90, quando a maior parte das rádios locais portuguesas, depois de passada a euforia que caracterizou o período da «pirataria» se viu confrontada com um mercado agressivo, para o qual não estavam preparadas, e regulamentadas por legislação que já vinha torta ao permitir que a concelhos deste país, que dificilmente teriam capacidade para suportar uma rádio local, fossem atribuídos alvarás para duas e, nalguns casos, três emissoras.

A solução passou pela cedência de espaços horários a confissões religiosas ou a rádios com mais sustentabilidade económica. Noutros casos, a opção foi a venda pura e simples, como sucede agora com a Ocidente.

Nuno Azinheira reporta-se a Sintra. Mas relembro Almada - uma frequência está atribuída à Rádio Capital e outra à Radar - Barreiro ou Moita. Em qualquer destes casos falamos da área Metropolitana de Lisboa. Em qualquer destes casos falamos de concelhos populosos.

Os municípios que rodeiam Lisboa representam, por esta altura, um terreno fértil para as emissoras chegarem à capital. Não interessa a informação local do Barreiro, de Almada ou de Sintra. Interessa isso sim entrar no mercado lisboeta. O problema desta luta pela sobrevivência é que o discurso produzido pelas rádios locais está cada vez mais igual, sobretudo no capítulo da informação.

Num trabalho desenvolvido no âmbito do Mestrado (2003), tive oportunidade de analisar os noticiários de quatro rádios locais da Península de Setúbal e portanto inseridas na àrea Metropolitana de Lisboa.

Conclusão: As notícias locais - aquelas que dizem respeito à área de implantação da rádio local - representaram apenas 34 por cento da totalidade da informação difundida.

É claro que o problema tem causas. Por exemplo a falta de recursos humanos. As redacções das rádios analisadas possuíam entre 1 a 5 jornalistas, conduzindo à prática de um jornalismo que priveligia as notícias de agência.
Ou as condições salariais: a média de vencimentos era, em 2002, inferior a 500 euros.

É preciso repensar o conceito de rádio local.

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Iniciativas sobre rádio

Duas iniciativas para acompanhar em Fevereiro onde a rádio vai ser tema em discussão.

No dia 9 tem lugar o primeiro de oito seminários que a Associação Portuguesa de Radiodifusão prepara para 2006. Subordinado ao tema O FUTURO DA RÁDIO DIGITAL - Que Alternativa? o seminário conta com as presenças de Eng.º Carlos Almeida, da Rádio Vouzela, Eng.º José Pinto Ventura, da MCR, Eng.º Francisco Mascarenhas, da RDP e Eng.º Rui Magalhães da Rádio Renascença.
A sessão tem lugar no auditório do Departamento de Ciências da Comunicação da Universidade Autónoma de Lisboa. No site da APR não está disponível a hora.

No dia 23, a Universidade Fernando Pessoa promove as Jornadas Internacionais de Jornalismo subordinadas ao tema central "Horizontes do Jornalismo". O programa inclui uma sessão dedicada aos "Horizontes do Radiojornalismo" e contará com as presenças do Prof. Doutor Xosé Soengas (Universidade de Santiago de Compostela), Prof. Doutor Eduardo Meditsch (Universidade Federal de Santa Catarina). As jornadas têm início às 9h30. A rádio começa a ser discutida às 11h45.

Provedores de rádio II

Ainda sobre os provedores, vale a pena ver o texto de Marc-François Bernier e Hélène Romeyer. O trabalho centraliza-se sobretudo na acção dos ombudsmen de televisão, mas a caracterização que fazem da prática desta figura permite-nos perceber a relevância dos provedores nos media audiovisuais, naturalmente também na rádio.
Os autores fizeram uma análise comparativa à acção dos provedores da France 2 e da Radio-Canada e estabelecem a existência de duas práticas distintas desta figura naqueles países. O francês que configura um espaço de debate, uma vez que existe um programa semanal onde as decisões do mediateur são difundidas, enquanto que o canadiano configura mais um procedimento juridico. As suas decisões constam de um relatório anual.


La différence entre les modèles présentés ici est bien illustrée par le choix initial de Didier Epelbaum pour le nom de son nouveau statut : médiateur et non ombudsman. Il opte pour un modèle moins juridique que la SRC. Si l'inspiration est bien celle du modèle de l'ombudsman, l'application est à chercher plutôt du côté du médiateur de la République et dans la culture de la confrontation républicaine d'idées. Le médiateur de France 2 est une sorte de facilitateur de dialogue. Le modèle radio-canadien se veut plus procédural et plus normatif. En principe, il privilégie l'analyse de cas en fonction de normes précises, accessibles à tous, dans un cadre où la compétence médiatique du plaignant n'a aucune importance (il ne doit pas se justifier à la télévision par exemple).

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

O RCP e a informação

Parece desfeita, pelo menos para já, a dúvida quanto ao futuro do RCP. Pelo menos a avaliar pela notícia de ontem do Diário Económico que encontrou ecos nos blogues de JP Menezes e Paula Cordeiro .
O que estava em causa era a possibilidade do grupo Media Capital criar uma rádio de informação, em princípio substituindo o actual RCP. Essa nova emissora passaria a ter outra designação.
Segundo o DE, tal não se verificará, mas haverá, mesmo assim, mudanças na componente informativa da emissora. “(…)a rádio vai continuar a reforçar a informação própria de forma a não se limitar “a notícias do género: o jornal X disse ou o canal de televisão Y mostrou”, lê-se naquele periódico.
O facto só por si já merece palmas, pois os noticiários do RCP são pouco mais que um conjunto de enunciados de acontecimentos. Há ali pouca informação. Investir nesta matéria parece uma boa solução e representará uma novidade no conjunto das rádios mais ouvidas em Portugal.
Agora é preciso perceber o que significa em concreto “reforçar a informação própria”.
Apostar em noticiários como os da Antena 1 e da TSF, e às vezes da Renascença, fortemente dependentes da informação institucional, mas com alinhamentos interessantes ao nível da diversidade temática e com algum desenvolvimento, o que significaria uma volta de 180 graus no RCP;
Ou num novo modelo, que se distinga daqueles e daquilo que fazem as restantes emissoras do grupo ou a RFM.
A informação na rádio portuguesa precisa de mais reportagem, já em 98 por altura do III Congresso dos Jornalistas Portugueses, Sena Santos alertava para isso. Numa altura em que o podcasting é uma ameaça (será mesmo ?!!!) a rádio precisa de sublinhar aquilo que constitui a sua razão de ser: estar próxima das pessoas.
Sena Santos dizia na mesma altura a propósito do jornalismo radiofónico: "Está com falta de profundidade, horizonte e rasgo".