sexta-feira, novembro 28, 2008

O que mudou nas rádios locais…

… é o tema de uma tese de mestrado defendida em Outubro na Universidade da Beira Interior por Daniela Silva.

A autora começa por criar um breve contexto histórico das rádios locais em Portugal, sublinhando os aspectos que marcaram o seu aparecimento e analisando as transformações ocorridas no plano legislativo.

Partindo do pressuposto de que em 19 anos de existência de rádios locais em Portugal, o cenário destas emissoras se modificou, Daniela Silva procura na sua investigação perceber o que realmente mudou e quais as razões para isso.

A investigadora realizou entrevistas a duas personalidades que estiveram ligadas à radiodifusão local portuguesa (António Colaço e José Faustino) e analisa as respostas ao inquérito que submeteu às rádios locais.

Daniela Silva divide a sua investigação em seis grandes itens: Propriedade e Direcção, Recursos Humanos, Condições Técnicas, Audiência, Publicidade e Programação:

Da leitura da sua tese pode-se concluir que as principais transformações ocorridas nas rádios locais portuguesas situam-se ao nível da tecnologia, com destaque para a presença na Internet. Segundo os respondentes, quase todas as rádios estão presentes na rede global, sendo que no “Centro como no Sul, as respostas afirmativas atingiram os 100%”.
No entanto, as potencialidades da Internet parecem não ser totalmente aproveitadas pelas emissoras locais, por exemplo no que diz respeito à disponibilização de programas em podcast. Um dado que a Entidade Reguladora da Comunicação no seu relatório referente a 2007, também tinha notado.

Há, no entanto, um dado que me surpreende e que tem a ver com a informação: Segundo Daniela Silva, há hoje mais espaço para a informação nas rádios locais, do que há 20 anos. Acredito que sim, mas seria curioso saber que informação: local, nacional …

A investigadora conclui:

“Traçando o perfil das rádios locais actuais, ou seja, das rádios locais 20 anos depois da legalização, podemos dizer que a rádio de âmbito local, pertence a uma cooperativa, não está ligada a grupos media e tem na sua direcção entre quatro a sete pessoas. Remunera, em média, dois jornalistas, dois comerciais, dois técnicos e um director. Continua a existir algum voluntariado e, por isso mesmo, colaboradores não remunerados. As rádios empregam jornalistas com e sem formação académica. As instalações das rádios são instalações próprias e nelas existe, em média, um estúdio. A recolha de som é feita com Mini-disc e Gravador MP3. As rádios locais têm sítio na Internet e emissão Online, com o objectivo de chegar ao maior número de pessoas possível e de conquistar mais anunciantes. O Podcast é ainda muito raro.(…)“

Os meus parabéns à nova mestre e agradeço a Daniela Silva ter-me enviado a sua tese.

Leitura: SILVA, Daniela (2008). As Rádios Locais: o que mudou desde 1989?, Tese de Mestrado. Universidade da Beira Interior.
Orientação: João Canavilhas.

terça-feira, novembro 18, 2008

A Irmandade do Éter

Um novo blogue sobre rádio.
A Irmandade do Éter junta sete apaixonados pela rádio, entre eles o meu amigo Francisco Mateus.

Felicidades para a nova aventura.

segunda-feira, novembro 17, 2008

A nova lei da rádio e a informação local

O ministro Augusto Santos Silva anunciou durante o XI Congresso de Radiodifusão algumas das medidas que pretende implementar em sede de revisão da Lei da Rádio.
Julgo que as principais alterações se podem resumir do seguinte modo:

- Facilitar processos de cooperação entre as rádios
- Abrir caminho a uma maior concentração no sector da radiodifusão local
- Acabar com a obrigação das rádios locais emitirem pelo menos três noticiários diários sobre a sua área de cobertura
- Facilitar a constituição de cadeias de rádio
- Proceder a alterações ao nível das regras para classificação de rádio temática.

É curioso notar que a tendência seja agora a de facilitar aquilo que em tempos era visto como algo prejudicial para o desenvolvimento da radiodifusão local portuguesa, nomeadamente no que diz respeito à concentração e à existência de cadeias de rádio, dois cenários que sempre foram alvo de medidas legislativas apertadas por se considerar que poderiam pôr em causa os princípios das rádios locais.

É certo que aquilo que se lê na comunicação social é muito pouco para se ter uma opinião mais sustentada sobre as propostas para uma nova lei da Rádio, mas há alguns dados que merecem reflexão.
Por exemplo o que significará na prática dizer que “o caminho de desenvolvimento do meio rádio português passa por alguma concentração”?

Duas outras medidas sugerem-me alguma perplexidade se se tiver em conta que as rádios locais devem servir para a reprodução dos discursos locais (foi para isso que foram criadas, certo?).
Refiro-me, em concreto, a dois aspectos: o fim da obrigatoriedade de emissão de três noticiários com informação local e a alteração das regras para a definição de rádios temáticas.

Daquilo que conheço, quando as rádios locais não forem obrigadas a fazer noticiários com informação local, simplesmente deixarão de emitir qualquer noticiário.
Tem razão Eduardo Meditsch quando afirma que as rádios emitem informação actualmente por dois motivos: “força do hábito ou de lei” (Meditsch, 1999:21).
Não havendo a lei…
É preciso também perceber o que significa dizer que as rádios locais passarão a ser obrigadas apenas a fazer a “cobertura informativa, em moldes que serão estabelecidos pela rádio e cujo cumprimento será fiscalizado pelo regulador.”
Passam a ter que fazer a cobertura jornalística de cerimónias, de grandes acontecimentos locais (normalmente promovidos pelas autarquias)? A ter um programa de informação? Diário? Semanal? Se a informação não for diária, haverá rádio local neste país que queira ter jornalistas nos seus quadros?

Já quanto às mudanças das regras para a classificação de rádio temática, acredito que quando todas as emissoras puderem ser assim classificadas, a tendência será para optarem pela classificação de temáticas musicais, tal como hoje sucede com aquelas que decidiram especializar-se num tipo de programação.
Num tal quadro, onde fica a informação local?

Acredito que estas medidas estejam ainda a ser alvo de reflexão por parte dos intervenientes, por isso, é de aguardar por mais desenvolvimentos. De qualquer forma, e num quadro que tende para a uniformização da oferta da rádio em Portugal, a informação, e em particular a local, poderá apresentar-se como um elemento diferenciador, desde que claro, seja feita por jornalistas e não por outras figuras, como o tal “radialista”.

Já me parece muito positivo que o Governo tenha a intenção de, finalmente, estabelecer níveis que diferenciem as rádios locais. Tratar por igual uma rádio da Grande Lisboa e outra do interior alentejano, por exemplo, parece-me absurdo.

As propostas para a nova Lei da Rádio aqui.

quarta-feira, novembro 12, 2008

Sugestões

Para ouvir (e ver) mais logo no Rádio Clube. Até pode ser interessante.

Para os que se interessam por rádio e comunicação política. Um chat sobre a cobertura da NPR das eleições norte-americanas

Para o fim-de-semana.
O encontro de blogues na Universidade Católica, em Lisboa
E o Congresso de Radiodifusão, em Vila Real.

terça-feira, novembro 04, 2008

segunda-feira, novembro 03, 2008

Nas eleições americanas, em inglês

Tenho apreciado muito as reportagens na rádio a propósito das eleições nos Estados Unidos. Têm-nos trazido uma América interessante. Acompanho, em especial, os trabalhos da Antena 1 e da TSF. Só não entendo porque é que a TSF persiste em não dobrar um único som, seja longo, curto...