quarta-feira, outubro 27, 2010

Audiências e a alegada perda de ouvintes

Os números sobre as audiências da rádio dão-nos sempre uma ideia diferente daquela que se vai escutando. Por exemplo, no que diz respeito à perda de ouvintes.

Comparadas as 3ª vagas do Bareme Rádio da Marktest desde 2006, temos o seguinte:

2006 - 81.2% dos residentes no Continente com 15 e mais anos contactaram com este meio pelo menos uma vez durante a semana (período de sete dias) e 57.2% ouviram rádio na véspera.

2007 - 77.5% dos residentes no Continente com 15 e mais anos contactaram com este meio pelo menos uma vez durante a semana (período de sete dias) e 53.4% ouviram rádio na véspera.

2008 - 77.4% dos residentes no Continente com 15 e mais anos contactaram com este meio pelo menos uma vez durante a semana (período de sete dias) e 53.9% ouviram rádio na véspera.

2009 - 80.9% dos residentes no Continente com 15 e mais anos contactaram com este meio pelo menos uma vez durante a semana (período de sete dias) e 55.8% ouviram rádio na véspera.

2010 - 78.7% dos residentes no Continente com 15 e mais anos contactaram com este meio pelo menos uma vez durante a semana (período de sete dias) e 54.6% ouviram rádio na véspera.

sexta-feira, outubro 08, 2010

A rádio em Portugal e o seu Futuro

A Conferência sobre os 75 Anos da Rádio em Portugal, que decorreu esta quinta-feira em Lisboa, mostrou que o futuro da rádio continua a merecer as mais variadas previsões.
O evento, organizado pela RTP e pela Universidade Lusófona, contou com a participação de vários investigadores e profissionais do meio que, pelo menos num ponto, parecem convergir: o futuro da rádio existe e passará pela Internet. Já quanto aos modelos a seguir, é que as intervenções não coincidiram.
Gerd Leonhard, media futurologista, anunciou a tempestade para a rádio, que para construir moinhos de vento e não conchas (como referiu) terá que modificar o seu modelo comunicacional o que implica, a seu ver, olhar para as redes sociais e sobretudo para a Internet móvel. O telemóvel tem aqui um papel importante para o futuro da rádio. Uma ideia que me pareceu importante, e que mostra como os hábitos de consumo são altamente oscilantes quando se trata de novas tecnologias, é que, segundo Gerd, o download de músicas já não é o mais relevante, mas sim aceder a elas directamente a partir da Internet, através da criação de bookmarks.
Diferente, muito diferente, foi a intervenção de Mário Figueiredo, o novo Provedor da rádio pública. Na sua comunicação, olhou para o passado da rádio, acreditando que modelos como o de programas de autor, o predomínio do som e da estética radiofónica exclusivamente sonora, podem ser ainda armas que o meio poderá usar no futuro.
Os directores de informação das três principais rádios portuguesas com notícias e ainda Emídio Rangel acabaram por protagonizar o debate mais animado a propósito do futuro da informação na rádio.
As intervenções centralizaram-se naquilo que é hoje a relação entre a rádio dita tradicional e a sua presença online no que diz respeito à informação. A rádio é ainda dominante, pois as notícias dos sites são sobretudo as que já passaram na emissão, disse Paulo Baldaia, director da TSF; o consumo de rádio faz hoje parte de um leque variado de opções no campo dos média – ao mesmo tempo que estamos a trabalhar no computador também ouvimos rádio, vincou João Barreiros, director de Informação da Antena 1. Já Graça Franco, directora da Renascença, enfatizou o trabalho que a sua rádio já faz no site: infografias, directos em vídeo, jornal em pdf, sublinhando que a rádio é também tudo isto. Opinião que Emídio Rangel não partilhou, preferindo vincar as características genéticas do meio rádio (rapidez, imediatismo, etc) para referir que se trata de um média que por definição é informativo e que a Internet não tem capacidade para o substituir.
Numa Conferência sobre o Futuro da rádio, teríamos todos ganho com a participação da Média Capital e do sub-sector das rádios locais.

sexta-feira, outubro 01, 2010

Radiomorphosis

O Obercom acaba de disponibilizar um interessante relatório sobre os novos caminhos da rádio. De uma primeira leitura retiro uma das principais conclusões do trabalho:

"Neste relatório identificámos três sulcos por onde estão a fluir boa parte das experiências contemporâneas:
As possibilidades de explosão de segmentos são imensas, numa via de desenvolvimento que apelidámos de narrowcasting (a coexistência do analógico com o digital, a difusão da banda larga e a sofisticação dos terminais móveis de comunicação multiplicam a criação de oportunidades diversas de acesso à audiência ao mesmo tempo que reduz o custo conjunto de criação de ofertas diferenciadas);
- Outro perfil evolutivo é cada ouvinte escolher a sua emissão pessoal a partir de uma listagem de músicas o que vai construindo um perfil de dados que vai sendo usado para produzir novas sugestões ao seu consumo e estender as suas preferências
– chamámos Drone station a esta trajectória de futuro (a rádio transfigura-se numa página pessoal em interacção sonâmbula/semiautomática como o seu ouvinte-editor).
- Estes caminhos de transformação são complementados pelo paradigma cloud radio, já que a rádio se encastra num cada vez maior número de dispositivos para além do equipamento tradicional criando um ambiente onde o acesso à rádio é cada vez mais possível num crescente número de espaços e circunstâncias (a rádio não vai connosco, está onde estivermos)."

O relatório pode ser descarregado aqui.