Ao ler a entrevista de Mário Figueiredo, ex-provedor do
ouvinte da rádio pública, à revista JJ fica-se com a certeza que muito há a
mudar no modo como esta figura é vista dentro da empresa pública de rádio, em
particular pelas administrações.
Depois de Adelino Gomes, e em particular José Nuno Martins,
ex-provedores do ouvinte, terem tecido fortes críticas à administração da rádio
pública, agora é Mário Figueiredo que segue no mesmo caminho.
Mário Figueiredo não tem dúvidas que os casos do fim das
emissões em Onda Curta (em que assumiu uma posição totalmente contra) e da
extinção da rubrica “Este Tempo” afetaram o seu relacionamento com a administração
da rádio pública. Aliás, tal como os seus antecessores, em particular José Nuno
Martins, Mário Figueiredo sai em clara discordância com a administração da RTP:
“quando o presidente do Conselho de Administração, para justificar a não
renovação, me disse discordar de mandatos de provedor superiores a dois anos e
alegou que as nossas relações “eram insustentáveis”, estive para lhe perguntar:
“Mas que tipo de relações, se não houve relações nenhumas”.
Para Mário Figueiredo a utilidade do Provedor acaba por
ficar comprometida: “(…) se a opinião do provedor, que tem de ser justificada e
abalizada, oficialmente não tem efeito nenhum junto de quem tem a decisão
máxima, é de questionar a existência desta figura”. Tal como José Nuno Martins
e Adelino Gomes, também Mário Figueiredo se ficou por apenas um mandato.
Na entrevista concedida à revista JJ, Mário Figueiredo retoma
ainda outras críticas enunciadas pelos seus antecessores. Uma delas tem a ver
com o programa “Em Nome do Ouvinte” que a seu ver deveria ter outro tipo de
tratamento nas antenas da rádio pública para que não fosse escutado apenas por “acaso
ou por militância”.
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