Algumas ideias do provedor do ouvinte deixadas ontem no programa Clube de Jornalistas.
- 1/4 das queixas recebidas dizem respeito à Antena 1.
- O horário do programa "Em Nome do Ouvinte", que vai para o ar ao Sábado na Antena 1 depois da uma da tarde, não é do agrado de José Nuno Martins.
- José Nuno Martins considerou grave o facto de 5% das queixas recebidas terem a ver com o uso da língua portuguesa
- O Provedor entende que existe na Antena 1 um excesso de desporto e em particular de futebol.
- 13% das queixas recebidas reportam-se às escolhas musicais da RDP.
- A maior parte das queixas recebidas não se referem a questões do foro ético ou deontológico dos jornalistas, mas sim a modelos de programação da rádio pública.
- José Nuno Martins considera que os profissionais de rádio estão pouco habituados à crítica aludindo ao facto de haver mais contribuições académicas e discussão pública sobre a televisão do que sobre a rádio.
- José Nuno Martins considerou, por fim, que a adopção do modelo de dois provedores para a rádio (um para o jornalismo e outro para a programação) não é o adequado e só contribuiria para "defender os interesses corporativos dos jornalsitas".
A propósito deste último ponto, já aqui defendi precisamente o contrário.
quinta-feira, setembro 28, 2006
quarta-feira, setembro 27, 2006
Mais um relato a partir do estúdio ?
Quem ouviu o relato do Spartak de Moscovo- Sporting na TSF ter-se-á apercebido do pouco ritmo, do pouco entusiasmo, da pouca emoção da narração. Os golos foram gritados cinco ou seis segundos depois de acontecerem!!!
Mais um relato via televsão? Se assim foi, gostaria de ter recebido essa informação. Não a ouvi na antena da rádio.
Mais um relato via televsão? Se assim foi, gostaria de ter recebido essa informação. Não a ouvi na antena da rádio.
segunda-feira, setembro 25, 2006
A renovação da Renascença
O Público e o Correio da Manhã publicam hoje notícias que dão conta da renovação da Rádio Renascença.
O Correio da Manhã escreve que:
A nova onda, que estará no ar a partir de amanhã, define-se em poucas palavras: nova sonoridade e mais e melhor Informação, enquadrando-se, por exemplo, neste vector o debate que reunirá Jorge Sampaio, D. José Policarpo e uma terceira figura, ligada ao PSD
No Público (só para assinantes) pode ler-se: A Rádio Renascença estreia hoje uma nova filosofia de sonoridades - como jingles, separadores, genéricos de programas - e algumas pequenas rubricas de humor ao longo do dia, integradas no processo de reestruturação da emissão.
Uma escuta rápida da RR já permitiu ouvir hoje os novos sons da Renascença.
O Correio da Manhã escreve que:
A nova onda, que estará no ar a partir de amanhã, define-se em poucas palavras: nova sonoridade e mais e melhor Informação, enquadrando-se, por exemplo, neste vector o debate que reunirá Jorge Sampaio, D. José Policarpo e uma terceira figura, ligada ao PSD
No Público (só para assinantes) pode ler-se: A Rádio Renascença estreia hoje uma nova filosofia de sonoridades - como jingles, separadores, genéricos de programas - e algumas pequenas rubricas de humor ao longo do dia, integradas no processo de reestruturação da emissão.
Uma escuta rápida da RR já permitiu ouvir hoje os novos sons da Renascença.
Apontamentos sobre o provedor do ouvinte (algumas notas prematuras)
O programa Em nome do Ouvinte do provedor da rádio pública portuguesa vai já na sua terceira edição e, embora reconheça ser prematuro, deixo aqui algumas notas que me parecem constituir-se como uma tendência da acção de José Nuno Martins:
1º O programa está, quanto a mim, bem elaborado: a alternância de vozes (a feminina é excepcional) e a introdução de jingles empresta um ritmo interessante ao espaço radiofónico com pouco mais de 15 minutos.
2º Em cada programa, José Nuno Martins analisa duas queixas (na última edição analisou apenas uma) e fá-lo com o recurso a uma série de instrumentos próprios da figura do provedor.
Expõe o caso, recorrendo à carta ou mail do ouvinte, utilizando para tal um dos colaboradores do programa. Recupera sons que estão na base da queixa, enquadrando os ouvintes no tema em análise. Ouve os responsáveis pela estação visados na queixa, mas julgo que seria importante ouvir também os autores das peças. Por exemplo, no último programa JNM fala da «incauta repórter» e da «inocência que a repórter revelou». Seria interessante saber a opinião da repórter no caso em apreço, até pelo facto de se tratar de um directo.
E por fim, decide, por vezes recorrendo à teoria, como sucedeu no programa inaugural ou à legislação, no caso da edição do último fim-de-semana.
É igualmente frequente, os provedores recorrerem a peritos em determinadas matérias de forma a sustentarem a sua decisão ou a instrumentos do foro deontológico da profissão de jornalista ou do órgão de comunicação social.
3º Interessante é a tentativa que é feita no sentido de passar “de viva voz” no programa a queixa dos ouvintes. Potencia a rádio enquanto meio de comunicação social, mas o risco é grande pois tal prática ainda só foi conseguida no primeiro programa. Nos restantes, José Nuno Martins limitou-se a dizer que não foi possível recolher as ditas declarações. A exposição é maior se se ouvir a voz do que simplesmente escrever uma carta. Os ouvintes “queixosos” percebem isso.
4º Das cinco queixas já analisadas no programa, três dizem respeito ao conteúdo radiofónico (duas jornalísticas e outra de programação), uma às condições técnicas (recepção de sinal) e uma última relacionada com o próprio provedor enquanto profissional de rádio. É uma tendência que me parece ir ao encontro da acção de outros provedores de rádio. A estas acrescento outro tema recorrente noutros ombudsmen: o uso da língua.
5º O Provedor adoptou um sistema misto de acção: Programa radiofónico e resposta aos ouvintes via mail ou correspondência. Acresce ainda a possibilidade que nos dá de ouvir o programa em arquivo ou subscrevê-lo no formato podcast através da página do provedor. Provavelmente ainda é cedo para isso, mas a criação de um blogue seria extremamente interessante. Neste capítulo, José Nuno Martins e o seu gabinete, têm estado a fazer um excelente trabalho. Outros ombudsmen de rádio não nos facultam todas estas formas complementares à versão hertziana.
6º Julgo que, nesta fase embrionária do programa, José Nuno Martins tem conseguido ser um mediador entre os ouvintes e a Rádio, pedagógico e crítico apontando erros e práticas que considera incorrectas nos profissionais da estação, por vezes de forma bastante directa como neste exemplo em que se refere à Antena 2: «E também existem razões de sobra para que alguns ouvintes se manifestem cansados com os tiques de algumas figuras de antena ou com as cliques lisboetas dos amigos repetidamente trazidos às emissões nacionais da Antena 2».
1º O programa está, quanto a mim, bem elaborado: a alternância de vozes (a feminina é excepcional) e a introdução de jingles empresta um ritmo interessante ao espaço radiofónico com pouco mais de 15 minutos.
2º Em cada programa, José Nuno Martins analisa duas queixas (na última edição analisou apenas uma) e fá-lo com o recurso a uma série de instrumentos próprios da figura do provedor.
Expõe o caso, recorrendo à carta ou mail do ouvinte, utilizando para tal um dos colaboradores do programa. Recupera sons que estão na base da queixa, enquadrando os ouvintes no tema em análise. Ouve os responsáveis pela estação visados na queixa, mas julgo que seria importante ouvir também os autores das peças. Por exemplo, no último programa JNM fala da «incauta repórter» e da «inocência que a repórter revelou». Seria interessante saber a opinião da repórter no caso em apreço, até pelo facto de se tratar de um directo.
E por fim, decide, por vezes recorrendo à teoria, como sucedeu no programa inaugural ou à legislação, no caso da edição do último fim-de-semana.
É igualmente frequente, os provedores recorrerem a peritos em determinadas matérias de forma a sustentarem a sua decisão ou a instrumentos do foro deontológico da profissão de jornalista ou do órgão de comunicação social.
3º Interessante é a tentativa que é feita no sentido de passar “de viva voz” no programa a queixa dos ouvintes. Potencia a rádio enquanto meio de comunicação social, mas o risco é grande pois tal prática ainda só foi conseguida no primeiro programa. Nos restantes, José Nuno Martins limitou-se a dizer que não foi possível recolher as ditas declarações. A exposição é maior se se ouvir a voz do que simplesmente escrever uma carta. Os ouvintes “queixosos” percebem isso.
4º Das cinco queixas já analisadas no programa, três dizem respeito ao conteúdo radiofónico (duas jornalísticas e outra de programação), uma às condições técnicas (recepção de sinal) e uma última relacionada com o próprio provedor enquanto profissional de rádio. É uma tendência que me parece ir ao encontro da acção de outros provedores de rádio. A estas acrescento outro tema recorrente noutros ombudsmen: o uso da língua.
5º O Provedor adoptou um sistema misto de acção: Programa radiofónico e resposta aos ouvintes via mail ou correspondência. Acresce ainda a possibilidade que nos dá de ouvir o programa em arquivo ou subscrevê-lo no formato podcast através da página do provedor. Provavelmente ainda é cedo para isso, mas a criação de um blogue seria extremamente interessante. Neste capítulo, José Nuno Martins e o seu gabinete, têm estado a fazer um excelente trabalho. Outros ombudsmen de rádio não nos facultam todas estas formas complementares à versão hertziana.
6º Julgo que, nesta fase embrionária do programa, José Nuno Martins tem conseguido ser um mediador entre os ouvintes e a Rádio, pedagógico e crítico apontando erros e práticas que considera incorrectas nos profissionais da estação, por vezes de forma bastante directa como neste exemplo em que se refere à Antena 2: «E também existem razões de sobra para que alguns ouvintes se manifestem cansados com os tiques de algumas figuras de antena ou com as cliques lisboetas dos amigos repetidamente trazidos às emissões nacionais da Antena 2».
domingo, setembro 24, 2006
A rádio e a Internet
Consulta obrigatória: As rádios portuguesas e o desafio do (on) line. Trata-se de um estudo do Obercom realizado por Gustavo Cardoso, Rita Espanha e Sandra Amaral que analisa a forma e o conteúdo das páginas da rádio portuguesa na Internet.
O estudo insere-se num trabalho mais vasto que pretende analisar o “O Impacto da Internet nos Mass Media Portugueses”. Neste working Report, os investigadores concluiram que:
- existe hoje uma cultura organizacional favorável ao uso da Internet no contexto radiofónico português.
- A rádio é hoje o media que em Portugal melhor explorou as potencialidades da Internet.
- A rádio é um exemplo de como o surgir de uma nova tecnologia, neste caso a Internet (mas também o telemóvel e os sms), pode ser apropriado com o intuito de rejuvenescer um media ao mesmo tempo que potencia algumas das suas características mais singulares.
Um documento a importante a não perder.
O estudo insere-se num trabalho mais vasto que pretende analisar o “O Impacto da Internet nos Mass Media Portugueses”. Neste working Report, os investigadores concluiram que:
- existe hoje uma cultura organizacional favorável ao uso da Internet no contexto radiofónico português.
- A rádio é hoje o media que em Portugal melhor explorou as potencialidades da Internet.
- A rádio é um exemplo de como o surgir de uma nova tecnologia, neste caso a Internet (mas também o telemóvel e os sms), pode ser apropriado com o intuito de rejuvenescer um media ao mesmo tempo que potencia algumas das suas características mais singulares.
Um documento a importante a não perder.
quinta-feira, setembro 21, 2006
As rádios piratas na imprensa nacional II
O aparecimento das rádios piratas em Portugal pode ser dividido em dois períodos distintos. O primeiro, situado entre 1977 e 1984, caracteriza-se pelo surgimento de pequenas emissoras sem grande expressão e com o objectivo principal de marcar um território. Afirmavam-se como uma nova forma de expressão.
Imperava o gosto pela rádio, sem outras ambições (com raras excepções) e com projectos de “vão de escada”. O Jornal “O Ponto”, em 1981, reproduz um diálogo curioso que, inadvertidamente, saiu pelo microfone e que demonstra a forma como as rádios emitiam.
Voz de mulher – Vai apagar o lume
Voz de homem (que conduzia o programa) – Agora não, estou no ar.
No segundo período, que situaria entre 1985 e 1989, encontramos já emissoras com outras pretensões, muitas delas com investimentos consideráveis, como foram os casos do Correio da Manhã Rádio ou da Rádio Geste.
A Revista do Expresso fez, em 1987, uma viagem ao mundo das rádios livres e encontrou 419 emissoras. No artigo, assinado por Fernanda Barão, traça-se o seguinte cenário em relação aos que, na altura, davam voz aos programas das rádios piratas:
“(…) do padeiro ao barman, do polícia ao magistrado, do militar ao funcionário municipal, do teólogo ao filósofo, passando pelo químico, pelo fotógrafo, pelo cabeleireiro”.
terça-feira, setembro 19, 2006
As rádios piratas na imprensa nacional
Da Europa chegavam notícias que davam conta da velocidade com que as rádios livres se expandiam em países como a Itália ou França. Em Portugal, desde o final dos anos 70, que alguns pioneiros tinham começado a emitir programas de rádio de cobertura local.
A Rádio Juventude, surgida em 1977 na Grande Lisboa, terá sido a primeira rádio pirata portuguesa. Apesar da enorme simpatia com que boa parte da população, associações locais e alguns autarcas viam o surgimento do fenómeno, a verdade é que o processo que conduziu à legalização das rádios locais em Portugal foi demorado e complexo.
A isso faz referência este artigo publicado no Jornal de Notícias em 1983. As intenções de descentralização do discurso radiofónico contrastavam com as dificuldades sentidas no plano legal para a implementação destas pequenas emissoras.
Nesta altura, discutia-se também o conceito que deveria enquadrar as rádios que começavam a aparecer um pouco por todo o país.
No artigo do JN pode ler-se: “(…) nem todas as rádios livres se consideram estritamente «locais». Há quem tenha um entendimento diferente do fenómeno Rádio (livre?), quem sonhe (?) com a liberalização das ondas do espectro radioeléctrico para instalar não um posto emissor, mas uma cadeia de emissores, numa dada região do território nacional”.
quinta-feira, setembro 14, 2006
Revisão da matéria !!!
No regresso à blogosfera sublinho três notas que me parecem importantes:
1ª - A questão que João Paulo Meneses levanta no seu blogue sobre os relatos de futebol feitos a partir do estúdio . São os constrangimentos financeiros a ditar as regras. Depois da imprensa, que também faz "reportagens" a partir da Lusa, agora a rádio. Perdem os relatos, naquilo que possuem de espontâneo e emoção, mas pior é o facto do ouvinte não ser previamente informado do facto.
2º - O interessante post que Luís Santos colocou no blogue Atrium com o sugestivo e tranquilizador título "O fim da rádio não é para já". De facto tenho a ideia que a rádio deve ser o meio de comunicação ao qual fizeram mais funerais !!! A avaliar pelo texto a que Luís Santos se refere ainda não é desta. E ainda bem. A não perder. Aqui .
3º Por fim, saúdo o início do programa do provedor de rádio "Em Nome do Ouvinte". Na primeira edição, que foi para o ar no dia 9 de Setembro José Nuno Martins apresentou o programa e as funções do Provedor. Fez referência ao facto de já ter recebido 160 queixas e destas escolheu duas para comentar no programa de estreia.
A primeira decisão do provedor da rádio portuguesa teve como enfoque a reportagem "A Guerra pela Paz" da autoria de Paulo Nuno Vicente sobre o hezbollah. Uma ouvinte considerou que a Antena 1 tem tido, no conflito Israelo-libanês, uma atitude parcial, a favor da posição libanesa. O provedor lembrou-nos excertos da reportagem, citou a teoria (Eduardo Meditsch e Walter Benjamin), ouviu o director de informação e decidiu a favor do trabalho jornalístico. Interessante foi o facto do provedor ter recorrido ao som da própria ouvinte que expôs a queixa. No meio radiofónico o som é fundamental por isso, pareceu-me interessante ouvir a própria ouvinte em vez de ser um jornalista a ler a queixa que chegou por escrito.
O provedor respondeu, por fim, aos ouvintes que questionaram as suas intervenções enquanto participante do programa "Artistas da Bola". Este Sábado há mais.
1ª - A questão que João Paulo Meneses levanta no seu blogue sobre os relatos de futebol feitos a partir do estúdio . São os constrangimentos financeiros a ditar as regras. Depois da imprensa, que também faz "reportagens" a partir da Lusa, agora a rádio. Perdem os relatos, naquilo que possuem de espontâneo e emoção, mas pior é o facto do ouvinte não ser previamente informado do facto.
2º - O interessante post que Luís Santos colocou no blogue Atrium com o sugestivo e tranquilizador título "O fim da rádio não é para já". De facto tenho a ideia que a rádio deve ser o meio de comunicação ao qual fizeram mais funerais !!! A avaliar pelo texto a que Luís Santos se refere ainda não é desta. E ainda bem. A não perder. Aqui .
3º Por fim, saúdo o início do programa do provedor de rádio "Em Nome do Ouvinte". Na primeira edição, que foi para o ar no dia 9 de Setembro José Nuno Martins apresentou o programa e as funções do Provedor. Fez referência ao facto de já ter recebido 160 queixas e destas escolheu duas para comentar no programa de estreia.
A primeira decisão do provedor da rádio portuguesa teve como enfoque a reportagem "A Guerra pela Paz" da autoria de Paulo Nuno Vicente sobre o hezbollah. Uma ouvinte considerou que a Antena 1 tem tido, no conflito Israelo-libanês, uma atitude parcial, a favor da posição libanesa. O provedor lembrou-nos excertos da reportagem, citou a teoria (Eduardo Meditsch e Walter Benjamin), ouviu o director de informação e decidiu a favor do trabalho jornalístico. Interessante foi o facto do provedor ter recorrido ao som da própria ouvinte que expôs a queixa. No meio radiofónico o som é fundamental por isso, pareceu-me interessante ouvir a própria ouvinte em vez de ser um jornalista a ler a queixa que chegou por escrito.
O provedor respondeu, por fim, aos ouvintes que questionaram as suas intervenções enquanto participante do programa "Artistas da Bola". Este Sábado há mais.
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