O ensino do jornalismo e o acesso à profissão são temas recorrentes e que têm estado na agenda de professores, estudantes e jornalistas. No início, a questão centralizava-se em saber qual a melhor formação para os jornalistas: A tarimba ? ou a formação superior ? Agora questionam-se sobretudo duas coisas: que cursos superiores de jornalismo? e que oferta de emprego para as centenas de jovens que anualmente ingressam nos cerca de 30 cursos existentes em Portugal ?
Perto de uma centena de estudantes de jornalismo e comunicação estão reunidos em Leiria para discutir estas e outras questões relacionadas com a sua formação e futuro profissional.
No painel “O ensino da comunicação em Portugal: Que cursos? Que profissionais? Que futuro?”, no qual participei, retive as seguintes notas que emergiram do profícuo debate ali produzido.
Os alunos de jornalismo e comunicação manifestaram a sua preocupação com a aplicação do processo de Bolonha que inevitavelmente trará consequências para a sua formação. Questionaram, sobretudo, se o sistema que os co-responsabilizará no desenho do seu currículo formativo é o mais adequado. Fará sentido que o aluno tenha uma formação geral principal na área da comunicação e outra, de menor relevância, noutra área científica oferecida pela instituição de ensino? Questionou uma estudante da Universidade do Algarve.
Das várias questões levantadas pelos estudantes destaco estas:
Qual a importância de possuir um curso superior de comunicação para o exercício do jornalismo? Qual a razão para a desadequação dos cursos face à realidade, tendo em conta o grande peso da teoria quando comparada com a prática? E por fim, qual a área da comunicação com mais oferta de emprego?
Mas a principal inquietação dos estudantes teve a ver com os estágios, nomeadamente a forma como os alunos são recebidos nas redacções ou gabinetes de comunicação, o aproveitamento que é feito do “trabalho gratuito” e a falta de formação dos jornalistas ou profissionais da comunicação para acolher e perceber a especificidade de um estágio curricular. Foi até proposta a criação de um ranking público de empresas como forma de clarificar quais os melhores e os piores locais de estágio.
O encontro decorre até domingo na Escola Superior de Educação de Leiria.
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4 comentários:
Tenho sobre este assunto uma opinião definida: o Estado (nós todos, portanto) tem de assumir as suas responsabilidades e, numa primeira fase, limitar ao máximo a entrada de novos alunos nos cursos superiores de jornalismo ou de comunicação social. Numa segunda fase, deve acabar com alguns desses cursos. Acabar, sim. Extingui-los em nome do interesse público.
Com que critérios? Bem, um deles deve ser certamente o da quantidade: não faz sentido uma oferta de mais do que destes cursos na mesma cidade ou região. A qualidade do ensino há-de ser outro dos critérios...
A ideia pode parecer radical, mas tem fundamento. Tem de ser o Estado a dizer aos cidadãos (às famílias, como é moda dizer-se) que esses cursos não têm saídas profissionais. O mercado está uma selva. A quantidade de licenciados em jornalismo e comunicação social ultrapassa tanto as necessidades das empresas que o preço que elas pagam pelos trabalhos jornalísticos nunca esteve tão baixo em Portugal. Isto é, a profissão está a degradar-se e a chegada de milhares de pessoas todos os anos ao mercado só contribui para isso. Quem já está no mercado ganha mal. Quem chega vai ganhar ainda pior e fazer com que quem já cá estão ganhe ainda menos. É uma lógica perversa. Não pode continuar. Estamos a canibalizar-nos.
Não há emprego para toda a gente, ponto final. As pessoas têm de ir fazer outras coisas. A profissão de jornalista é muito bonita e romântica, mas já não há lugar nela para mais ninguém. Quando é que o Estado decide assumir isto como um problema?
"Quem chega vai ganhar ainda pior e fazer com que quem já cá estão ganhe ainda menos."
De facto, é uma verdade.
Neste momento, estou desempregada.
Mas, sempre que vou a entrevistas, as ofertas são... quase ofensivas.
Temos de nos sujeitar?!
Talvez.
Também eu, assim que terminei o curso, trabalhei numa rádio... sem receber.
Até quando terei de aceitar mais propostas semelhantes, para que me reconheçam algum valor ou, pelo menos, algum potencial?
Estive no V ENEJC.
No primeiro painel, foi precisamente o Sr, Luís Bonixe, quem mais gostei de ouvir.
Carina R.
eu estava seriamente a pensar seguir o curso d jornalismo, mx depois d ler o k esta aki escrito a minha forma d pensar mudou completament, ja n sei mais o k fazer, sempre k eu finalment m decido por determinado curso, todos m dixem k n tem saida nenhuma, e akeles k é suposto terem saida nao m agradam minimamente, ja n xei mais o k faxer!
Pois, concordo. Mas não é devido a isso que vou desistir do meu sonho. Afinal, o panorama repete-se em todas as profissões...
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