domingo, novembro 11, 2012

Um prémio justo para Luís Filipe Costa

Luís Filipe Costa é um nome incontornável no jornalismo radiofónico português. A Sociedade Portuguesa de Autores decidiu, justamente, atribuir-lhe o prémio Igrejas Caeiro que pretende distinguir a carreira na rádio.

Luís Filipe Costa é responsável por aquilo que hoje, com toda a naturalidade, concebemos como informação radiofónica. Nos anos 60 liderou uma equipa de jornalistas no Rádio Clube Português tornando os noticiários curtos, concisos e criando um estilo que rompia, à época, com o que se fazia na rádio em Portugal. Mas, se os noticiários do RCP acabaram por criar um novo estilo na informação radiofónica portuguesa, aparecem com outros objetivos, como referiu numa entrevista que me concedeu em 2008, Luís Filipe Costa, na altura para a realização da minha tese de doutoramento:


"Os noticiários do Rádio Clube Português aparecem não como uma resposta àquele monolitismo e cinzentismo da Emissora [Nacional]. Aparecem dentro de um esquema habitual de uma rádio comercial. O que se pensou foi em arranjar uma fórmula diferente que proporcionasse mais ouvintes ao Rádio Clube. E havendo mais ouvintes, havia mais publicidade. Não havia nada de política metida naquilo" (Luís Filipe Costa, em entrevista 2008).

Os noticiários do RCP representam um corte na história do jornalismo radiofónico português, não apenas por aquilo que transmitiam aos seus ouvintes, mas porque foram motivo para que as outras estações reagissem e procurassem inovar também na produção de notícias. Na Emissora Nacional, a informação começou a ganhar mais importância (Cristo, 2005:38) e na Renascença tornou-se óbvio que seria preciso também investir nesta área:

"O objetivo era estar no ar com uma oferta global na qual se incluíam os noticiários que pudessem disputar audiência e publicidade ao Rádio Clube Português. Como é óbvio se a Renascença não tivesse noticiários havia uma faixa de ouvintes que se deslocava para o RCP" (Entrevista a João Alferes Gonçalves, 2008).


A importância de Luís Filipe Costa para o jornalismo radiofónico português fica bem ilustrada nas palavras de João Paulo Guerra, um dos jornalistas que com ele trabalhou no RCP:

"Toda a gente que trabalha hoje na rádio aprendeu com o Luís Filipe Costa, mesmo que não saiba quem ele é. Podem não ter aprendido directamente, mas aprenderam com alguém que aprendeu com ele" (João Paulo Guerra em entrevista, 2008).

Prémio merecido, portanto!

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