quinta-feira, dezembro 29, 2005

Quotas de música e programas com ouvintes discutidos na TV

A rádio foi ontem discutida na televisão em dois momentos distintos. No Fórum do País, na RTPn, debateu-se a discutida lei que estabelece as quotas de música portuguesa para as rádios nacionais. Na 2:, no programa Clube de Jornalistas a conversa andou à volta dos programas de rádio com ouvintes.
Dois momentos que merecem realce pela escassez de debate em torno do meio radiofónico.
Aqui ficam algumas ideias fortes retidas pelo blogueiro.

Fórum do País (RTPn). Os deputados e radialistas e ainda Pedro Osório, presentes no programa deixaram algumas pistas para melhor compreender a medida anunciada de estabelecer quotas de música portuguesa nas rádios nacionais.
1) A medida vai no sentido de promover a língua e a cultura nacional através do meio radiofónico, embora todos tenham admitido que o problema da música portuguesa não se resolve per si com esta proposta.
2) A definição de "música portuguesa" contemplará formas de expressão pelo meio do som e ambientes que estejam de acordo com a cultura portuguesa. Ficam asssim dentro da definição os grupos de música portugueses que cantam noutra língua. O jazz cantado por portugueses também está dentro desta definição. Ficam igualmente abrangidos os autores provenientes de países de expressão portuguesa.
3) A experiência obtida em países onde já existe o estabelecimento de quotas para a música nacional, mostra que a tendência das rádios é para passar mais do mesmo. Ou seja, as emissoras portuguesas não vão passar músicas de autores que actualmente não se ouvem na rádio, mas sim tenderão a passar mais temas dos mesmos autores.
4) Mais do que uma medida do foro legal, é importante uma espécie de código de conduta entre as rádios no sentido da promoção da música portuguesa.
5) Por fim, ficou a ideia de que será difícil fiscalizar a aplicação desta medida.


Clube de Jornalistas. O programa dedicado à rádio abordou os espaços radiofónicos com participação dos ouvintes. Manuel Acácio, Maria João Taborda e Cândido Mota reflectiram acerca deste tipo de programas que estão a ganhar algum tempo de antena na rádio portuguesa. Falou-se apenas das rádios nacionais e da TSF, mas pelo país há vários programas deste género em rádios locais. Aliás, durante o período da "pirataria" os programas de antena aberta significaram uma importante caixa de ressonância das populações locais.
As principais ideias sublinharam a importância da participação dos ouvintes na "arena pública" como expressão da cidadania. Apesar desta função social dos media que estes programas desempenham - ideia que nenhum dos participantes pareceu contestar - foram apontadas diversas questões levantadas pela prática destes espaços.
1) A participação dos ouvintes num espaço cujo controlo da comunicação não lhes pertence.
2) O eventual aproveitamento por parte de outros actores no sentido de "utilizarem" este tipo de programas como tubo de ensaio para determinado tipo de medidas.

3) A verificação da existência de "clubes de ouvintes" que frequentemente participam nos programas.

Os blogues Jornalismo e Comunicação e Indústrias Culturais também fazem referência ao programa do Clube de Jornalistas.

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