quinta-feira, julho 05, 2007

Paulo Alves Guerra

Os últimos programas do provedor do Ouvinte da RDP foram dedicados ao “Império dos Sentidos”, o programa da manhã da Antena 2.

A série de programas foi motivada, segundo o provedor, por um alargado rol de queixas dos ouvintes perante duas situações: o formato do programa e o desempenho do seu apresentador, o jornalista Paulo Alves Guerra.

Paulo Alves Guerra é um dos jornalistas da rádio portuguesa que deixa marcas. Os noticiários que editava na TSF eram diferentes. A começar pela duração. Mas eram diferentes também, porque Alves Guerra personalizava os noticiários: uso de uma trilha sonora diferente para a leitura dos títulos, que eram em si mesmo mais extensos, o próprio alinhamento privilegiava temas ligados à cultura e aos espectáculos.

Recordo a notícia de um “acontecimento” vamos dizer, diferente, sobre um escritor que tinha deixado os seus manuscritos num taxi. Nunca ninguém soube quem era tal escritor !!! Ou, ainda, a leitura de notícias com a ajuda de um barítono.

Nisto, há, naturalmente, quem goste e quem não goste.

Da audição do programa do provedor do ouvinte percebo que um dos aspectos que mais incomoda os ouvintes da Antena 2 é o estilo de apresentação de Paulo Alves Guerra. O discurso pleno de interjeições, pausado, quiça em demasia, não parece ser do agrado dos ouvintes das manhãs do segundo canal da rádio pública, ainda para mais quando Paulo Alves Guerra utiliza um tom e um ritmo próprios de uma rádio de palavra, como é o caso da TSF, mas que não é caso da Antena 2.

O “Império dos Sentidos” com Paulo Alves Guerra tornou a manhã da Antena 2 mais informativa e menos musical, pelo menos a avaliar pelas críticas dos ouvintes.

O provedor do Ouvinte deverá terminar esta semana a apreciação a este caso.

A acompanhar, portanto.


Uma nota final: De acordo com José Nuno Martins, Paulo Alves Guerra foi contactado para comentar as críticas ao programa, mas recusou falar sobre o assunto. É pena.

6 comentários:

Joana Sousa Lopes disse...

Parabéns por este texto cuja temática é ainda pertinente. Decorridos largos meses - de excitação em excitação, atropelo em atropelo, auto-correcções e distracções várias -, a nervoseira matinal de Paulo Alves Guerra tem vindo a revestir-se de uma crescente arrogância firmada, quiçá, pela passagem do tempo. O problema é que - exceptuando o auditório da Antena 2 que ousa manifestar-se - ninguém mais parece notar o irremediável desacerto identitário entre o suposto "estilo TSF" e a própria Antena 2, a começar pela própria direcção do canal. Paulo Guerra parece teimar em desconhecer o histórico da Antena 2 que o emprega. Na sua aparente obsessão com o assinalar de efemérides eventualmente interessantes - ou na louvável pre-ocupação informativa que caracteriza o seu labor radiofónico - acaba por caír em habituais excessos de palavreado estilístico. Já ninguém aguenta a permanente verborreia esfomeada de pendor culinário ou as hesitações deste jornalista cujas fórmulas cansadas (e exauridas) acabam invariavelmente por atingir a tiro os seus próprios pés.

Pessoalmente, se não me choca a junção de notas informativas à música erudita, já não encontro vazão para os tiques apressados de Paulo Guerra que, aliás, parece não poder estar em paz consigo mesmo. É que desde o "cardápio" de concertos à invariável "carta de intenções" deste ou daquele intérprete, o pobre locutante teima em não ouvir-se e em não enxergar o óbvio: que a incoerência rítmica e a sobrexcitação discursivas com que nos tem brindado ao logo do tempo, dão apenas prova de uma imensa falta de simplicidade e da sua eterna incapacidade em mudar. O que terá isto a ver com informação? De que forma se liga isto à fruição matinal da poesia? Quais os critérios de autenticidade do discurso de Guerra?

Lamentávelmente, as manhãs da Antena 2 permanecem entregues a um suposto profissional da comunicação a quem o conceito de alteridade parece irremediavelmente escapar ... Se Paulo Alves Guerra surpreendia na TSF, em meio clássico os seus méritos não encantam. E a alguns dos que involuntariamente o escutam em busca de boa música no zapping matinal, apenas resta perguntar: afinal de que padece desacerto padece este profissional da comunicação? "Quem tramou Paulo Alves Guerra?"... Novos contributos de Provedor e ouvintes precisam-se, e com urgência.

César disse...

Eu pessoalmente tenho especial agrado pela locução do locutor citado.

Num programa de rádio, a musica não é nem de perto nem de longe o que aproxima o ouvinte da radio, principalmente com a rede global onde toda a musica esta a distancia de um clique ou dois.
Tem o locutor essa importante tarefa, em fidelizar ouvintes, com recurso as escolhas musicais, aos temas abordados e aos convidados presentes.
Louvo a atitude do senhor em querer informar os ouvintes sobre a actualidade musical com pessoas de total interesse.

Poderia condenar o mesmo pela incoerência rítmica e a sobreexcitação discursivas, mas estou totalmente convicto que foi isso que num zapping matinal entre as diversas variedades radiofónicas, me aproximou da antena2. Se nem Deus que foi Deus agradou a todos, não condenem este senhor de igual modo.

Rui Alberto disse...

Concordo plenamente com o César!
Com o Paulo Guerra o programa tem um vida própria que reside no estilo muito sui generis deste locutor. Os assuntos ganham vida e, julgo, ouvintes. Convém confessar que sou daqueles ouvintes que gosta, e muito, de ouvir diálogos, conversas, interessantes num programa de rádio, para além da música. O que aprecio muito no Paulo Guerra é exactamente o seu estilo, "convocando" os ouvintes para este seu programa!

Patrone (ex-Apolo XIII) disse...

O Paulo Alves Guerra explica e contextualiza as obras musicais e os seus compositores e intérpretes, enriquecendo muitíssimo o nosso conhecimento musical.
A mim parece-me muito bem!

Anónimo disse...

a única coisa que tenho a dizer é que adoro a forma como o paulo condusz o programa e que mal termina o império dos sentidos desligo a rádio. se quero para ouvir música sem palavras ponho um cd!

Jorge Mendes disse...

Já venho atrasado para este tema, mas quero dizer que o estilo de Paulo Alves Guerra foi a razão pela qual parei um dia na antena 2 e fiquei a ouvir com curiosidade. Diáriamente ouço parte do programa a caminho do trabalho e da escola dos filhos. Todos gostamos e aprendemos.

Acho o estilo de locução cativante.