quarta-feira, março 28, 2007

Rádio cor-de-rosa

A rádio portuguesa tem escapado à onda rosa (sem conotação política) da comunicação social. Não se encontram muitos espaços de mexericos e pseudo-notícias sobre pseudo-figuras-públicas.

Só agora ouvi o espaço de Cláudio Ramos nas tardes do Rádio Clube. Ali há um pouco de tudo daquilo que o género tem para oferecer.

Nota negativa para o Rádio Clube.

terça-feira, março 27, 2007

Ainda o relatório do provedor do ouvinte

Com um atraso significativo do blogueiro, mas vale a pena espreitar a análise de Adelino Gomes aos relatórios dos provedores da RDP e RTP.

Sobre José Nuno Martins:

"Nuno Martins mostra-se mais acutilante e menos optimista. Refere que "certos" dos seus "interlocutores internos" pareceram não ter entendido o seu papel e critica-lhes "a atitude demasiado defensiva" enquanto programadores.
Em concreto, e para além das críticas já referidas ao Desporto e à Antena 3, queixa-se do horário atribuído ao seu programa nas antenas 1, 2 e 3, por nunca ter sido "proposto ao maior número de ouvintes de cada emissora"; e acusa a Direcção de Programas de não assumir nenhuma das suas recomendações - nem quanto às escolhas musicais, que entende deverem passar a ser exclusivamente centradas na música portuguesa, na Antena 1, nem quanto à procura de novos públicos e à regeneração dos novos profissionais, na Antena 2.
Os "substantes índices de profundidade e de fundamentação" das críticas dos ouvintes tornam difícil "ignorá-las tão reiterada e persistentemente", observa o provedor, que não esquece o caso do programa Ritornello, cujo realizador, Jorge Rodrigues, entrou em confronto público com a direcção do canal cultural da RDP, originando "elevado fluxo de correspondência, muitas vezes apresentada em termos despropositados e também de modo "induzido"".
Nota também, de forma seca, que os responsáveis do Desporto não adoptaram os "modelos de solução" que apresentou para o problema dos relatos simultâneos de futebol e que a empresa não encetou "qualquer acção de formação" que combatesse o "mau uso ou uso indevido da língua portuguesa por apresentadores e locutores, jornalistas e comentadores das várias estações do serviço público".

Do que os portugueses gostam e não gostam na televisão e rádio públicas, no Público, via Clube de Jornalistas



terça-feira, março 20, 2007

Jornalismo e Democracia na JJ


O número 29 da revista JJ, do Clube de Jornalistas, referente aos meses Janeiro/Março, tem como tema de capa "Jornalismo e Democracia". Trata-se de uma abordagem que é feita a propósito do Seminário Internacional de Jornalismo e Actos de Democracia que decorreu em Lisboa no passado mês de Novembro.

A revista apresenta entrevistas com alguns dos congressistas daquele encontro que decorreu na Escola Superior de Comunicação Social. São os casos de Doris Graber, Kees Brants e James Stanyer.

No campo da rádio é publicado um artigo do qual sou autor e que resulta da comunicação que apresentei no referido Seminário. O texto publicado na JJ tem por título "A cobertura radiofónica da campanha presidencial de 2006".

Sopcom discute Comunicação e Cidadania


"Comunicação e Cidadania" é o tema do V Congresso da Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação (SOPCOM) que decorrerá entre os dias 6 e 8 de Setembro, na Universidade do Minho (UM). Nesses dias, serão discutidas temáticas de campos diversos como os da Internet, jornalismo, publicidade, relações públicas ou educação para os media.
As inscrições decorrem até ao próximo dia 30 de Junho.
Segundo a organização "O congresso reunirá centenas de académicos, investigadores, formadores e profissionais do campo da comunicação. Muitos dos investigadores são oriundos de (ou mantêm ainda as ligações a) empresas do campo da comunicação e dos media.".



quarta-feira, março 14, 2007

A M80 e a preferência dos holandeses pela rádio

Na newsletter de Março do Obercom sublinho duas notícias sobre rádio:

A primeira dá conta do lançamento da M80, uma rádio do grupo Média Capital Rádios que deverá preencher o espaço musical deixado vago pela mudança de programação do Rádio Clube Português, ou seja uma rádio virada para os êxitos músicais de outros tempos.
A notícia não explica qual a frequência que vai utilizar.

A segunda notícia revela que na Holanda, a rádio é o meio de comunicação preferido.

sexta-feira, março 09, 2007

O provedor do ouvinte sobre o provedor do ouvinte

Já está disponível o relatório de actividade do primeiro provedor do Ouvinte português, José Nuno Martins.

É um extenso documento que se refere à actividade desenvolvida em 2006 e no qual JNM reflecte sobre um conjunto alargado de questões relacionadas com a sua experiência. O ombudsman aborda matérias como o conceito do serviço público de radiodifusão, a relação dos ouvintes com a rádio e as funções de um provedor de Rádio. Pontos que antecedem a reflexão de José Nuno Martins sobre o seu exercício em concreto.

Detive-me na componente Jornalismo/Informação.

Algumas ideias:
- Na totalidade das estações do universo RDP, o provedor recebeu 69 queixas referentes à informação o que representa 10,4% da totalidade de queixas recebidas (661).

- Das queixas recebidas e que dizem respeito à Informação, 44 demonstraram uma critica negativa, 18 neutral e apenas 7 positiva.

- Os critérios jornalísticos utilizados pelos jornalistas, o programa Antena Aberta e o programa Contraditório foram os aspectos mais apontados pelos ouvintes, sendo que o provedor sublinha ainda o facto de terem aparecido outros comentários genéricos referentes à informação da RDP.

José Nuno Martins admite que, tendo em conta práticas de outros provedores de rádio no estrangeiro, esperaria mais queixas em matéria de informação. Não foi o que se verificou no caso português.

JNM considera haver uma "relativa pacificação do Ouvinte em relação à prática do Jornalismo radiofónico no Serviço Público, designadamente quando cotejamos o volume de correspondência que se exprime de modo muito mais expressivo relativamente à PROGRAMAÇÃO de uma única Estação – a ANTENA 1, com o conjunto das Mensagens que dizem respeito a assuntos do JORNALISMO e da INFORMAÇÃO afinal relacionados com TODAS as Estações do Grupo RDP." (p.45)

Em matéria de jornalismo e informação, o provedor conclui:

"foram para mim bem claros o exercício de reflexão apropriado acerca de procedimentos menos correctos dos Jornalistas e o esforço de rigor que a estrutura mantém patente no relativamente baixo volume de críticas expressas e, finalmente a atitude cooperante assumida pelo Director
de Informação nas suas relações com o Provedor. Relatório de Actividade 2006
102 Entendi dever considerar como SINAL DE EXCELÊNCIA do Serviço Público de
Radiodifusão, um Programa de JORNALISMO E INFORMAÇÃO apresentado na ANTENA 1 –
COREIA DO NORTE – UM SEGREDO DE ESTADO, de Rita Colaço." (pp.101-102)


O relatório completo está aqui.

segunda-feira, março 05, 2007

As rádios comunitárias no Brasil

- Beatriz Brandão Polivanov, na sua comunicação “A busca pela legalização: conflitos e negociações entre o Ministério das Comunicações e as rádios Comunitárias”, apresentada na Universidade Fernando Pessoa, enquadra aquelas emissoras no registo daquilo a que Hall chama de “novo local”. Um localismo que emerge da globalização e que com ela se confronta na tentativa de criar mecanismos de sobrevivência identitária.

- A autora propõe uma reflexão acerca da negociação entre os proprietários das rádios comunitárias e o governo brasileiro, tendo em conta o processo de legalização daquelas emissoras.

- Polivanov coloca como hipótese de trabalho a seguinte questão: Em que medida a aceitação e reconhecimento das rádios comunitárias se enquadra no multiculturalismo e aceitação da diferença?

- Existirão actualmente cerca de 8 mil rádios comunitárias no Brasil, contudo 90 por cento são ilegais. A luta pela sua legalização tem envolvido uma série de questões alvo de negociação, que a autora problematiza no texto.

- A programação comunitária, gestão colectiva, interactividade, valorização cultural local, cidadania, democratização, serviço à comunidade e pluralismo na programação são algumas das características que definem uma rádio comunitária.

- De acordo com Beatriz Polivanov, a realidade é, no entanto, outra. Muitos dos projectos de rádios comunitárias resultam da iniciativa de indivíduos com ambições políticas que criam aquelas emissoras para se promoverem. Segundo a autora, existirão perto de duas mil rádios de políticos e cerca de quatro mil de carácter religioso.

- A autora conclui que as rádios comunitárias no Brasil representam propostas de “diferença”, mas reconhece a existência de “restrições que acabam por marcar a contenção da diferença”. Termina Polivanov: “inúmeras delas [rádios] se dizem comunitárias mas não o são de fato”.

domingo, março 04, 2007

Informação e rádios locais

Anoto algumas ideias da comunicação que apresentei na segunda edição das Jornadas Internacionais de Jornalismo da Universidade Fernando Pessoa e cujo título é “As Rádios Locais em Portugal – da proximidade à diminuição da oferta informativa local”.

- O quadro teórico seguido no texto enquadra as rádios livres no contexto da comunicação alternativa, na tentativa de fazer emergir novas vozes para o espaço radiofónico. Neste contexto teórico, Umberto Eco enquadra as rádios livres numa nova era da liberdade de expressão.

- Historicamente, a informação foi um campo de afirmação das rádios locais por possibilitarem o tratamento de temas que a rádio estatizada não abordava.

- Quando se fala em informação local sugere-se a observação do real baseada nas especificidades locais.

Elsa Moreno Moreno (2002) enfatiza o papel das rádios locais no sentido de potenciar a cidadania. Bernardo Díaz Nosty (1997) sublinha a necessidade das rádios locais se ajustarem ao seu ambiente sob pena de estarem a cavar a sua autodestruição. E Chantler e Harris (1997) sugerem que as notícias são dos poucos conteúdos que tornam o som de uma rádio local distinto das demais.

- Fará, neste quadro teórico, todo o sentido que as rádios locais portuguesas apostem na informação local como sinónimo da sua afirmação.

- Os quase vinte anos de emissões legalizadas das rádios locais portuguesas demonstram, contudo, outra realidade, olhando, por exemplo para a Grande Lisboa: mudança de propriedade de rádios locais e transformação em emissoras musicais com pouca ou nenhuma informação local; deslocação dos estúdios e redacção para fora dos concelhos aos quais estão atribuídas as frequências; afastamento físico da realidade local.

- O artigo conclui que os novos projectos de rádios locais estão vocacionados para o entretenimento, reduzindo redacções e espaços para a informação local. Há menos vozes e menos temas locais diminuindo a representatividade dos cidadãos no espaço público mediático.


No próximo post anotarei algumas ideias da comunicação de Beatriz Brandão Polivanov, com o título “A busca pela legalização: conflitos e negociações entre o Ministério das Comunicações e as rádios Comunitárias”

A Rádio musical e a Internet

A segunda edição das Jornadas Internacionais de Jornalismo decorreu na última sexta-feira, dia 2 de Março, na Universidade Fernando Pessoa, no Porto.
O tema do encontro, que reuniu investigadores, professores, alunos e profissionais da comunicação, foi “Porquê estudar o Jornalismo?”.
Do programa destaco a sessão que juntou Felipe Pena, da Universidade Federal Fluminense, Barbie Zelizer, University of Pennsylvania e Brian McNair, University of Strathclyde.
Rogério Santos construiu, no seu blogue, um texto sobre a intervenção de Barbie Zelizer.

No campo da rádio, foram apresentadas três comunicações nas sessões de tema livre, uma delas de minha autoria e que tem por título “As Rádios Locais em Portugal – Da proximidade à diminuição da oferta informativa local”.
Beatriz Brandão Polivanov, da Universidade Fluminense do Rio de Janeiro, apresentou a comunicação com o título “A busca pela legalização: conflitos e negociações entre o Ministério das Comunicações e as rádios Comunitárias” e João Paulo Meneses apresentou o texto intitulado “Internet: Potencialidades e ameaças para a rádio musical”.

Outros compromissos na Invicta impediram-me de assistir à apresentação de JPM, mas da leitura da comunicação disponível nas Actas das Jornadas detecto os seguintes pontos principais do seu texto:

- Meneses parte do princípio de que o conceito de rádio, tal como o conhecemos actualmente, está a mudar devido às transformações impostas pela emergência da Internet.

- Neste particular, JPM considera que a rádio está a passar por um segundo choque, depois da televisão ter provocado o primeiro.

- João Paulo Meneses reflecte sobre as vantagens e desvantagens da Internet para o meio rádio, equacionando possibilidades de convergência, em especial com a rádio musical.

- A análise enquadra-se num registo normativo que considera a rádio tradicional como um meio em declínio (audiências a descer, programação desadequada) e vê a Internet como uma plataforma apetecível para o relançamento, já não de uma rádio hertziana, mas de uma nova comunicação sonora (chame-se rádio, para simplificar) caracterizada pela produção individual, pela escolha individualizada e pela multiplicidade de serviços que acrescenta às mensagens sonoras.

- Com um enfoque especial nos mais jovens, o autor recorre a exemplos e a estudos que demonstram as virtualidades da Internet e de como esta pode significar, mais do que uma ameaça para a rádio, uma real possibilidade de convergência.

- João Paulo Meneses conclui que o futuro da rádio musical passa pela convergência musical e por melhores conteúdos.


Nos próximos posts voltarei ao meu texto e ao trabalho de Beatriz Polivanov.