As rádios locais portuguesas começaram a emitir há 20 anos, em 1989, na sequência de um processo legislativo concluído no final de 1988. A liberalização do sector da rádio em Portugal modificou por completo a paisagem radiofónica portuguesa. O Rádio e Jornalismo está a publicar um conjunto de posts sobre a radiodifusão local, com especial enfoque na realidade portuguesa.
A Entidade Reguladora para a Comunicação Social aprovou a alteração da denominação da Rádio Eco, que agora passa a chamar-se Super FM.
Já há algum tempo que não dava por uma notícia destas que significa o fim de mais uma rádio local na Grande Lisboa.
Esta alteração representa o regresso às proximidades de Lisboa de uma rádio que originalmente começou por emitir nos anos 90 no Montijo e que assentava numa programação de música Rock. Passou depois por algumas mudanças que implicaram a sua ida para o Algarve, depois para o Barreiro (embora com estúdios nas Amoreiras, em Lisboa).
Agora regressa a Lisboa ocupando uma frequência (a única existente) no concelho de Alcochete.
O que mais me interessa neste caso, como noutros, é o caminho (inevitável ?!!) que as rádios locais portuguesas estão a tomar, desvirtuando-se de forma clara dos seus princípios: proximidade com as comunidades onde estão inseridas.
De facto, ninguém acredita que a Super FM, com uma programação estereotipada e assente em êxitos músicais, vá ter como preocupação "a produção e difusão de uma programação destinada especificamente à audiência do espaço geográfico a que corresponde a licença ou autorização"(lei da Rádio, artº 9, ponto 2).
É que, utilizando a única frequência de Alcochete, a Super FM será necessariamente classificada como rádio generalista local (Lei da Rádio, artº 27) e assim obrigada a difundir serviços noticiosos respeitantes à sua área geográfica (lei da rádio, artº 39).
Aguardemos, pois!
É claro que este é mais um exemplo de como o conceito de rádios locais em Portugal faliu. Se é verdade que a Super FM, regressando à Grande Lisboa, será obrigada por lei a cumprir disposições que nada têm a ver com os seus objectivos e que deste modo se perde um meio de comunicação local, não é menos verdade que a situação da Rádio Eco era insustentável há pelo menos cinco ou seis anos e que este cenário (ou outro ainda pior) seria inevitável.
Na Margem Sul do Tejo, para além de Alcochete, também Palmela, Barreiro, Almada e Moita deixaram de ter rádios locais pois nas suas frequências estão a ser emitidas rádios com outros objectivos.
Na mesma área geográfica restam: Rádio Popular FM (Montijo); Rádio Baia e RDS (Seixal) e Rádio Santiago (Sesimbra). A Pal FM (em Palmela) emite durante algumas horas a Rádio SIM (da Renascença).
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4 comentários:
Salut!!
E haverá capacidade para alguma empresa, ser sustentável comercialmente, num mercado controlado por centrais de compras que só colocam os maiores investidores publicitários, nas rádios mais visíveis num estudo de audiências a todos os títulos questionável?
E fará sentido existirem rádios locais determinadas por concelho, quando o espectro tem a ver topografia e geografia?
Porque é que as frequências nacionais são entregues avulso a emissoras (marcas) que reproduzem/promovem música, e nunca a rádios de tipologia de palavra/informação?
Porque é que não é feita uma reformulação geral do espectro, agora que passam vinte anos de um modelo que se provou desadequado? Não tanto para os profissionais, mas acima de tudo para os ouvintes. Se o espectro é um bem público, e ainda por cima, escasso, não seria de bom tom, repensar de tudo de raiz?
Neste caso, mais do que atribuir culpas a quem governa/licencia, o melhor é olhar para quem se governa com o estado a que isto chegou...
Um abraço, Luís!
Bye!!
Como aqui tenho defendido, o processo das rádios locais portuguesas nasceu torto, quando se pretendeu atribuir frequências a concelhos que dificilmente as poderiam suportar.
Concordo contigo: é preciso repensar de raíz estas questões. Do que conheço da proposta de alteração da lei da rádio, nesta matéria há a intenção de olhar para as rádios locais em função da dimensão populacional dos concelhos. É já um passo. Será suficiente?
Abraço
A paixão da rádio fez com se vivessem os primeiros anos da legalização em grande forma. Vinhamos dos magnificos anos das piratas. Onde a carolice fazia a grande parte da rádio. Passamos para um modelo empresarial diferente. Penso também que a atribuição de frequências não foi a melhor: Setúbal - 3; Palmela - 1; Montijo - 2; Moita - 2; Barreiro - 3; Alcochete - 1; Seixal - 2;.... como seria possivel 14 rádios serem viáveis tão perto umas das outras e a disputarem os mesmos anunciantes.
É urgente rever tudo isto.
Uma pequena nota: a SuperFM arranca na Amadora e chamava-se 98 Rock & Pop.... só depois se muda para o Montijo, para o Barreiro e depois para Lisboa, onde Ediberto Lima encerra a rádio.
Sérgio Bernardo
Obrigado Sérgio,
De facto a origem é a Amadora, mas creio que apenas enquanto rádio pirata.
Obrigado pela nota.
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