A questão volta sempre à ordem do dia em altura de campanha eleitoral. Que cobertura noticiosa é (deve) dada aos chamados pequenos partidos?
Um olhar pela rádio, constatamos duas situações: a primeira que os pequenos partidos são tratados sobretudo com o recurso à entrevista, que tem fundamentalmente o objectivo de dar a conhecer as principais ideias sobre alguns temas. A segunda, que os pequenos partidos aparecem nas notícias apenas quando quebram a rotina.
Em relação a este segundo aspecto, vale a pena recordar o que nos dizem Harvey Molotoch e Marilyn Lester sobre o acesso aos media. Os autores estabelecem três níveis de acesso aos meios de comunicação social.
Recordo dois deles:
“Habitual” quando as práticas de um indivíduo, ou grupo, que ocupa determinada posição coincidem com a produção dos media, conduzindo a que as suas práticas sejam frequentemente noticiadas e “Disruptivo”, quando indivíduos ou grupos para verem as suas realizações nos media, necessitam de perturbar a ordem gerando a surpresa, agitação ou choque.
Ou seja, ou os pequenos partidos irrompem com acções sensacionais, inéditas ou pouco esperadas ou não são notícia. Deste ponto de vista, há que admitir alguma razão aos partidos com menor expressão quando se queixam do tratamento que os media lhes dão, pois na realidade a presença de noticias sobre os seus actos de campanha nos principais espaços informativos da rádio é pouco menos que nula.
Aliás, não deixa de ser curioso verificar que uma das poucas vezes que um pequeno partido (neste caso movimento) apareceu nos principais noticiários da rádio portuguesa foi justamente a propósito das várias acções de contestação levadas a cabo pelo MMS devido, no entendimento do movimento, à falta de equidade no tratamento noticioso.
Tudo o resto que se tem ouvido é atirado, normalmente, para os tais espaços de entrevista (que é pela sua natureza, pontual) ou para os jornais de campanha da rádio, emitidos fora do horário nobre.
Há aqui uma certa, e inevitável, comparação (provocatória, admito). É que, o jornalismo político (pelo menos aquele que se faz em altura de campanha) está mais parecido com o “jornalismo de futebol”. No mundo da bola, por mais que um pequeno clube tenha bons jogadores, ganhe jogos, etc, só será notícia se jogar contra um grande ou se houver salários em atraso. Já no caso dos grandes clubes, bastará um treino bem “esgalhado” para abrir noticiários.
O problema é que o jogo da política não é o mesmo do futebol e deste ponto de vista seria preciso que o jornalismo procurasse uma intervenção mais abrangente e plural, começando, por exemplo, pela multiplicidade de plataformas de que dispõe para o fazer.
Se olharmos para os sites das rádios portuguesas não nos restarão dúvidas de que a diferença, em relação à rádio, do tratamento noticioso nesta matéria se resume à diversidade do uso de ferramentas expressivas que, naturalmente, não existem na rádio dita tradicional (vídeos, fotos, infografias, etc).
O conteúdo dos sites é, com honrosas e raras excepções, o mesmo da rádio e por isso quem aparece nas notícias da versão digital já apareceu ou vai aparecer na hertziana e ainda por cima a dizer as mesmas coisas.
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