Com base num inquérito aplicado a 50 jornalistas de 35 rádios locais portuguesas de 14 distritos de Portugal Continental no final de 2012 e de 2013 verificamos que se trata de um profissional licenciado em ciências da comunicação, aufere o ordenado mínimo, tem estabilidade laboral (72% com contrato por tempo indeterminado) e vê a sua atividade como uma "realização pessoal" e o "emprego desejado". No entanto, 20% admitiu que trabalhar numa rádio local é um passo para outra rádio de maiores dimensões.
Trata-se de um profissional jovem, pois 62% tem menos de 40 anos de idade. Em função disso, a maior parte dos jornalistas das rádios locais portuguesas respondentes tem experiência profissional inferior a 10 anos.
Relativamente à política editorial, os inquiridos referiram que deve haver mais reportagem nas rádios locais, bem como debates e noticiários. De acordo com os dados, aparentemente os problemas relacionados com a falta de recursos materiais e tecnológicos estão ultrapassados, pois referiram que o seu trabalho não é afectado negativamente por estas questões. Já quanto à falta de recursos humanos, o cenário é diferente, pois 42% reconhece que essa situação tem efeitos negativos no seu trabalho e 18% referiu que afeta muito o seu trabalho enquanto jornalista. De acordo com a amostra estudada, a média de jornalistas por redação é de 1,57 profissionais. A maior redação encontrada tem 4 jornalistas.
Para além da aplicação dos inquéritos, foram realizadas entrevistas a jornalistas com o objetivo de conhecer o seu posicionamento em relação à radiodifusão local e à Internet.
O cruzamento dos dados entre as respostas ao inquérito e às entrevistas permite-nos identificar o seguinte:
- A presença das rádios locais na Internet é fundamental.
- Apesar de o número reduzido de jornalistas nas redações, os profissionais revelaram que para além da rádio, têm também de atualizar o site ou as redes sociais.
- O jornalistas inquiridos consideram que a sua rádio tem uma presença "Muito Boa" na Internet embora reconheçam que melhorariam as questões relacionadas com a participação dos ouvintes e a interatividade.
- Para os jornalistas entrevistados, a Internet para as rádios locais é sobretudo uma forma de "estender o local" a outros públicos, nomeadamente aos emigrantes que assim têm uma forma de contacto com a sua comunidade de origem. "(...) o site continua a ser muito utilizado
pelos ouvintes, para aceder à emissão online. Muitos emigrantes ouvem-nos
noutros países e claro querem saber mais da região onde vivem" (Entrevistado D).
- A Internet entrou nas rotinas dos jornalistas das rádios locais "Assim que entro, consulto as
várias contas de e-mail (pessoal e da redacção) ajudo a actualizar a página do Facebook da rádio e, de vez em quando,
escrevo os textos para o online. (…) A internet é a redacção fora das instalações da rádio" (Entrevistado A), embora reconheçam a existência de constrangimentos que colocam a rede global numa segunda prioridade: Pois, sou eu
e, admito, quando me sobra tempo. Os programas e os noticiários apanham-me
praticamente todo o tempo. Admito que
apenas coloco as informações em ambas as plataformas quando me sobra tempo.
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