Há mais um caso no cenário radiofónico português de expansão geográfica de uma rádio local. A Seixal FM, agora designada RDS, ampliou a sua cobertura utilizando para tal os emissores de rádios locais localizadas em Portalegre (São Mamede), Alter do Chão, Gavião, Trofa, Olhão e Miranda do Corvo.
A estratégia da rádio do Seixal tem sido frequentemente utilizada por outras emissoras desde a liberalização do sector radiofónico, em 1989, alterando o mapa da rádio em Portugal e contrariando o espírito da radiodifusão local.
Estas medidas expansionistas por parte de algumas empresas de radiodifusão local representam uma consequência de uma legislação desadequada e que facilita um processo de “canibalização” das rádios com mais recursos face às emissoras mais débeis financeiramente.
A realidade imposta por um mercado concorrencial alterou profundamente a noção que os radialistas “mais românticos” possuíam quando as rádios emitiam sem licença. As regras do mercado acabaram por separar as águas obrigando ao encerramento de muitas emissoras, especialmente situadas no interior do país. As populações locais viram-se, por essa razão, privadas de um importante meio de expressão.
Recorrendo ao exemplo dos distritos de Setúbal e Portalegre, podemos observar profundas alterações nos respectivos mapas radiofónicos.
O caso do distrito de Setúbal e em particular a Península setubalense é extremamente interessante. Serve actualmente como território apetecível para quem pretende chegar a Lisboa. As frequências atribuídas ao concelho de Almada são utilizadas pela Radar e pela Capital. A MIX FM utiliza uma frequência do Barreiro. A Tropical FM utiliza uma das frequências do concelho da Moita. No Montijo, uma das frequências é utilizada pela rádio Classe FM. Ou seja, o distrito de Setúbal perdeu, pelo menos, cinco rádios que se dedicavam às respectivas comunidades locais.
Em Portalegre o cenário é diferente. Tratando-se de um distrito do interior sofre desde o início da liberalização da radiodifusão os problemas inerentes à falta de investimento no tecido económico. O distrito de Portalegre foi um dos que mais frequências deixou livres após o licenciamento da radiodifusão local. Foi com alguma surpresa que em 2003 o grupo Fonógrafo adquiriu as frequências de Fronteira, Gavião e Alter do Chão. Estas últimas e a de São Mamede são agora utilizadas pela RDS, uma emissora da margem sul do Tejo, que ampliará a sua rede de cobertura e com isso recolherá maiores receitas publicitárias.
Vejamos quem ficará a ganhar com esta estratégia da RDS: se o Seixal, se Portalegre, se Alter do Chão, se a Trofa etc.
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Há 14 horas
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