No artigo How to Get on 'Talk of the Nation' o provedor do ouvinte da National Public Radio analisa a forma como funciona o programa "Talk of the Nation" que vive da participação em directo dos ouvintes.
Em directo ou quase... É que , tal como refere Jeffrey A. Dvorkin, existe um pequeno atraso entre o contacto telefónico e a entrada em emissão do ouvinte.
That gap is there in the event that the listener gets on but then wants to talk about something else -- or worse -- so the studio director must be able to terminate the call.
O artigo do provedor foi motivado por questões colocadas pelos ouvintes acerca dos critérios utilizados pelos responsáveis do programa para incluir ou excluir determinada intervenção.
Some exasperated listeners ask me, “What does it take to get on Talk of the Nation?” Their frustration? When they call NPR’s weekday, live national call-in program, their questions or comments are rejected. The studio producers or “screeners” tell them they are “off topic.” Callers are further upset when the screeners end the conversation in an apparently abrupt manner. And that’s when they contact me.
O que se passa no "Talk of the Nation" é que os ouvintes não entram todos em antena. Estão sujeitos a uma filtragem prévia onde é avaliada a pertinência da sua intervenção ou a qualidade da ligação telefónica.
O programa da NPR "Talk of the Nation" maximiza, desta forma, o poder de edição dos jornalistas responsáveis pela emissão, mesmo tratando-se de um directo. É, como o próprio Dvorkin admite, um cenário menos democrático, mas que cria condições para o aparecimento na emissão de contribuições mais válidas (ou pelo menos assim entendidas pelos responsáveis do programa).
A NPR dá prioridade ao que é dito e como é dito. Com esta prática inviabiliza que entrem em antena ouvintes com opiniões menos fundamentadas, que se afastem do tema em debate ou até cuja ligação telefónica não se encontre em boas condições. Todas estas razões são, para os responsáveis do "Talk of the Nation", suficientes para excluir um ouvinte de participar no programa.
Em Portugal, a prática não parece ser esta, pelo menos a avaliar pelas constantes interrupções que os pivots de programas do género são obrigados a fazer durante uma emissão.
No fundo, a questão emergente é a de saber o que deve ser valorizado num programa de informação com participação dos ouvintes: se o que dizem e como dizem ou o seu direito de participar no espaço público ?
Provavelmente ambas, o desafio é encontrar o equilíbrio.
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2 comentários:
Bom texto, Luís (pelo interesse, pela acutilância, pelo desenvolvimento). Se os blogues conseguirem, uma vez por outra, contribuir para alguma «propedêutica» jornalística, já valeu a pena.
Obrigada pela sua visita, já tinha saudades!
Pelo vistos continua intelectualmente em forma, tem aqui um texto interessante.
Saudações de ex-aluno para ex-professor!
Vamos ter jantar em Portalegre a 10 de Junho, está convidado no blog dos Velhos!
Até já.
Cláudia Batista
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