Do mais recente número da revista JJ (Janeiro/Março) do Clube de Jornalistas, assinaldo dois textos: O de Nobre-Correia que estabelece uma comparação entre os sistemas mediáticos português e espanhol e onde há espaço, naturalmente, para a rádio e uma entrevista a José Manuel Rosendo, jornalista da Antena 1.
Na entrevista, Rosendo aborda um conjunto de questões que me parecem relevantes sobre o jornalismo radiofónico. Aqui ficam algumas passagens:
- "Eu acho que a rádio se demitiu, em termos gerais. Não estou a falar da RDP, estou a falar da rádio. E a rádio demitiu-se porque a rádio tem medo da palavra".
- "(...) quem define a rádio parece que tem medo da palavra. Depois há outra coisa: parece que temos obrigação de ter o elixir da boa disposição. Há uns programas com graça e piada; parece que tudo tem que ter graça e piada. Para isso há espaço".
- "A grande arma da rádio, em relação aos outros meios de comunicação, é o imediatismo, a capacidade de reacção, que a televisão, de algum modo, também já vai acompanhando. (...) A rádio demitiu-se disso. Se olharmos para as programações, são cada vez mais formatadas. Eu hoje já sei a que horas e o que vou ouvir amanhã".
- "Eu acho que deveria haver mais espaço para a reportagem, mas para isso tem que haver mais investimento. Hoje faz-se muita rádio na redacção."
José Manuel Rosendo foi entrevistado a propósito do seu livro "De Istambul a Nassíria - Crónicas da Guerra no Iraque".
A edição já está disponível online. Aqui.
quarta-feira, março 26, 2008
quinta-feira, março 20, 2008
Mostrar ou não mostrar?
É uma questão que agora também já diz respeito à rádio.
Mostrar ou não mostrar o vídeo de uma professora e uma aluna que lutam por um telemóvel em plena sala de aula?
No seu site, a TSF mostra o vídeo tal como foi divulgado no You Tube. O site da RTP (que inclui a RDP) mostra parte desse vídeo mas não identifica nem a professora nem a aluna. A Renascença faz referência ao caso, mas não mostra o vídeo.
São novas realidades para a rádio que já não vive unicamente do som e que por isso terá de lidar com questões, que para o meio, são novas. Como neste caso.
Mostrar ou não mostrar o vídeo de uma professora e uma aluna que lutam por um telemóvel em plena sala de aula?
No seu site, a TSF mostra o vídeo tal como foi divulgado no You Tube. O site da RTP (que inclui a RDP) mostra parte desse vídeo mas não identifica nem a professora nem a aluna. A Renascença faz referência ao caso, mas não mostra o vídeo.
São novas realidades para a rádio que já não vive unicamente do som e que por isso terá de lidar com questões, que para o meio, são novas. Como neste caso.
sexta-feira, março 14, 2008
Tese de doutoramento em Webrádio
Nair Prata defendeu no Brasil uma tese de doutoramento sobre Webrádio. A autora pretendeu conhecer os novos géneros e formas de interacção na webrádio e para isso realizou uma pesquisa qualitativa partindo de um corpus de 30 emissoras.
No resumo da tese pode ler-se:
A partir do referencial teórico e pela pesquisa realizada, concluímos que os novos gêneros da webradio são o chat, o e-mail (mensagem eletrônica), o endereço eletrônico, a enquete e o fórum, nascidos genuinamente em meio digital. Mas também são novos, no suporte internet, os tradicionais gêneros radiofônicos hertzianos. Tratam-se de formas híbridas, nascidas da complexa tessitura digital da webradio. A webradio pode ser entendida como uma constelação de gêneros que abriga formatos antigos, novos e híbridos.
Via Jornalismo e Comunicação.
No resumo da tese pode ler-se:
A partir do referencial teórico e pela pesquisa realizada, concluímos que os novos gêneros da webradio são o chat, o e-mail (mensagem eletrônica), o endereço eletrônico, a enquete e o fórum, nascidos genuinamente em meio digital. Mas também são novos, no suporte internet, os tradicionais gêneros radiofônicos hertzianos. Tratam-se de formas híbridas, nascidas da complexa tessitura digital da webradio. A webradio pode ser entendida como uma constelação de gêneros que abriga formatos antigos, novos e híbridos.
Via Jornalismo e Comunicação.
quarta-feira, março 12, 2008
Sobre as rádios comunitárias, a nova lei e o jornalismo
Do debate sobre as Rádios Comunitárias que teve lugar na Escola Superior de Educação de Portalegre sublinho a intenção da Associação Portuguesa de Radiodifusão de propor ao Governo a inserção daquela tipologia no quadro legal português que entrará em fase de revisão.
Aquela intenção foi anunciada por José Faustino, o presidente da APR, que pretende assim resolver o problema de algumas rádios locais portuguesas que se encontram em situação muito difícil de sobrevivência e às quais o actual quadro legal não dá resposta.
A ideia de José Faustino assenta, no meu ponto de vista, num princípio correcto, ou seja, é preciso reequacionar o mapa da radiodifusão local que é assimétrico e que está refém de um quadro legal pouco flexível e de reduzida aplicação à realidade. A Lei da Rádio trata uma rádio local da Grande Lisboa do mesmo modo que o faz em relação a outra, por exemplo, de São Pedro do Corval (Reguengos), exigindo o mesmo número de horas de emissão, de noticiários etc. Contudo, o mercado publicitário de uma e outra é muito diferente.
A APR propõe, assim, que para além do factor geográfico (actualmente as rádios locais emitem para concelhos), seja introduzido o factor demográfico. Significa, segundo José Faustino, que deve ser criada uma divisão na tipologia da rádio com base no número de potenciais ouvintes. Uma rádio que está inserida num concelho com 100 mil habitantes deve ser classificada de forma diferente de outra que atingirá 10 mil pessoas.
A proposta da APR sugere a existência de “um modelo misto” que implica, segundo as palavras do presidente da APR, uma grau de profissionalização, mas também de amadorismo. Ou seja, torna a lei mais flexível e diversificada. É neste ponto que Faustino estabelece uma comparação com as rádios comunitárias, embora admita que o modelo que propõe bem como a futura designação não seja exactamente essa.
José Faustino admitiu a complexidade desta questão e, por isso, por aquilo que percebi, a proposta está ainda em fase de preparação. Em breve seguramente haverá outros detalhes.
O que me parece menos correcto, por aquilo que ouvi, tem a ver com o que José Faustino apresentou como três certezas:
1ª as rádios, mesmo quando classificadas como comunitárias (ou com outra designação similar) vão poder continuar a angariar publicidade, apesar dos custos serem mais reduzidos, em especial com os recursos humanos (a ideia é possibilitar o amadorismo). Mas essa captação de publicidade estará sujeita a algumas limitações? Por exemplo, uma menor percentagem de tempo por hora, em relação às outras rádios? Não se criarão condições de concorrência desleal, pois uma rádio não totalmente profissionalizada poderá disputar o mercado publicitário de forma igualitária com outra que tem custos muito mais reduzidos?
2ª o subsidio por parte das autarquias tem que passar a ser possível. É uma matéria recorrente. Desde o primeiro projecto de lei com vista à legalização das rádios piratas, proposto em 1983 por Jaime Ramos e Dinis Alves, que se fala no assunto. Não tem sido possível e do meu ponto de vista bem.
3ª todos poderão passar a dar voz à informação e não apenas os jornalistas. É uma ideia já anteriormente defendida por José Faustino. O pressuposto em que assenta esta proposta da APR tem a ver com as dificuldades das rádios locais em empregar jornalistas. Percebo o princípio, mas não concordo com a solução. A informação, quando emitida nos noticiários, deve ser seleccionada, tratada e difundida exclusivamente por jornalistas, não concebo outro quadro.
Se o que se pretende é permitir que algumas rádios não sejam obrigadas a empregar jornalistas, então que a lei seja flexível no sentido de permitir que as rádios, quando classificadas de determinada forma, não tenham que emitir noticiários. Se há noticiário tem que haver jornalistas.
A este propósito, Beatriz Polivanov, investigadora brasileira que participou no debate a partir do Brasil, onde as Rádios Comunitárias já existem, referiu que a informação nas tais rádios brasileiras é emitida por pessoas que pertencem à comunidade e que não têm qualquer formação jornalística, a informação baseia-se na leitura dos jornais.
Ler jornais ao microfone não é jornalismo nem é rádio.
Aquela intenção foi anunciada por José Faustino, o presidente da APR, que pretende assim resolver o problema de algumas rádios locais portuguesas que se encontram em situação muito difícil de sobrevivência e às quais o actual quadro legal não dá resposta.
A ideia de José Faustino assenta, no meu ponto de vista, num princípio correcto, ou seja, é preciso reequacionar o mapa da radiodifusão local que é assimétrico e que está refém de um quadro legal pouco flexível e de reduzida aplicação à realidade. A Lei da Rádio trata uma rádio local da Grande Lisboa do mesmo modo que o faz em relação a outra, por exemplo, de São Pedro do Corval (Reguengos), exigindo o mesmo número de horas de emissão, de noticiários etc. Contudo, o mercado publicitário de uma e outra é muito diferente.
A APR propõe, assim, que para além do factor geográfico (actualmente as rádios locais emitem para concelhos), seja introduzido o factor demográfico. Significa, segundo José Faustino, que deve ser criada uma divisão na tipologia da rádio com base no número de potenciais ouvintes. Uma rádio que está inserida num concelho com 100 mil habitantes deve ser classificada de forma diferente de outra que atingirá 10 mil pessoas.
A proposta da APR sugere a existência de “um modelo misto” que implica, segundo as palavras do presidente da APR, uma grau de profissionalização, mas também de amadorismo. Ou seja, torna a lei mais flexível e diversificada. É neste ponto que Faustino estabelece uma comparação com as rádios comunitárias, embora admita que o modelo que propõe bem como a futura designação não seja exactamente essa.
José Faustino admitiu a complexidade desta questão e, por isso, por aquilo que percebi, a proposta está ainda em fase de preparação. Em breve seguramente haverá outros detalhes.
O que me parece menos correcto, por aquilo que ouvi, tem a ver com o que José Faustino apresentou como três certezas:
1ª as rádios, mesmo quando classificadas como comunitárias (ou com outra designação similar) vão poder continuar a angariar publicidade, apesar dos custos serem mais reduzidos, em especial com os recursos humanos (a ideia é possibilitar o amadorismo). Mas essa captação de publicidade estará sujeita a algumas limitações? Por exemplo, uma menor percentagem de tempo por hora, em relação às outras rádios? Não se criarão condições de concorrência desleal, pois uma rádio não totalmente profissionalizada poderá disputar o mercado publicitário de forma igualitária com outra que tem custos muito mais reduzidos?
2ª o subsidio por parte das autarquias tem que passar a ser possível. É uma matéria recorrente. Desde o primeiro projecto de lei com vista à legalização das rádios piratas, proposto em 1983 por Jaime Ramos e Dinis Alves, que se fala no assunto. Não tem sido possível e do meu ponto de vista bem.
3ª todos poderão passar a dar voz à informação e não apenas os jornalistas. É uma ideia já anteriormente defendida por José Faustino. O pressuposto em que assenta esta proposta da APR tem a ver com as dificuldades das rádios locais em empregar jornalistas. Percebo o princípio, mas não concordo com a solução. A informação, quando emitida nos noticiários, deve ser seleccionada, tratada e difundida exclusivamente por jornalistas, não concebo outro quadro.
Se o que se pretende é permitir que algumas rádios não sejam obrigadas a empregar jornalistas, então que a lei seja flexível no sentido de permitir que as rádios, quando classificadas de determinada forma, não tenham que emitir noticiários. Se há noticiário tem que haver jornalistas.
A este propósito, Beatriz Polivanov, investigadora brasileira que participou no debate a partir do Brasil, onde as Rádios Comunitárias já existem, referiu que a informação nas tais rádios brasileiras é emitida por pessoas que pertencem à comunidade e que não têm qualquer formação jornalística, a informação baseia-se na leitura dos jornais.
Ler jornais ao microfone não é jornalismo nem é rádio.
segunda-feira, março 10, 2008
Leituras
O blogue Jornalismo e Comunicação anuncia que estão disponíveis online várias edições da revista Comunicação&Sociedade da Universidade do Minho. Dos números que podem ser consultados na net há dois artigos sobre rádio.
Rádio em Portugal: tendências e grupos de comunicação na actualidade de Rogério Santos e
Internet y las nuevas formas de participación de los oyentes en los programas de rádio de Susana Herrera Damas.
Rádio em Portugal: tendências e grupos de comunicação na actualidade de Rogério Santos e
Internet y las nuevas formas de participación de los oyentes en los programas de rádio de Susana Herrera Damas.
Entre Espanha e Camacho
Uma segunda-feira com uma agenda anormalmente preenchida. Os noticiários da rádio dividiram-se esta manhã entre Camacho e Espanha com um pé no rescaldo da marcha dos professores do último Sábado.
Desta vez não houve necessidade de recorrer aos programas de fim-de-semana nem às intervenções de Marcelo Rebelo de Sousa.
Um destaque merecido para a emissão da Antena 1 a partir de Madrid.
Desta vez não houve necessidade de recorrer aos programas de fim-de-semana nem às intervenções de Marcelo Rebelo de Sousa.
Um destaque merecido para a emissão da Antena 1 a partir de Madrid.
quinta-feira, março 06, 2008
Debate sobre rádios comunitárias
A 12º edição das Jornadas da Comunicação da ESE de Portalegre vai decorrer entre os dias 10 e 13 de Março. Os alunos do curso de Jornalismo e Comunicação, que organizam a iniciativa, escolheram vários temas que estarão em debate durante os quatro dias.
Também há espaço para a rádio com o debate intitulado "Rádios Comunitárias: uma realidade desconhecida em Portugal" e no qual participarão José Faustino, da Associação Portuguesa de Radiodifusão, Luís Mendonça, Universidade FM e Beatriz Polivanov, investigadora que trabalha o tema no contexto brasileiro. O debate será na terça-feira às 21h00.
Os alunos decidiram ainda atribuir um tributo ao jornalista, da televisão, mas também da rádio, Joaquim Furtado.
Também há espaço para a rádio com o debate intitulado "Rádios Comunitárias: uma realidade desconhecida em Portugal" e no qual participarão José Faustino, da Associação Portuguesa de Radiodifusão, Luís Mendonça, Universidade FM e Beatriz Polivanov, investigadora que trabalha o tema no contexto brasileiro. O debate será na terça-feira às 21h00.
Os alunos decidiram ainda atribuir um tributo ao jornalista, da televisão, mas também da rádio, Joaquim Furtado.
quarta-feira, março 05, 2008
Rádio Zero
A Rádio Zero, um projecto da Associação dos Estudantes do Instituto Superior Técnico, comemora dois anos de existência.
A rádio emite exclusivamente através da net e aproveitou o aniversário para lançar uma nova grelha de programação.
Parabéns.
A rádio emite exclusivamente através da net e aproveitou o aniversário para lançar uma nova grelha de programação.
Parabéns.
Subscrever:
Mensagens (Atom)