terça-feira, maio 23, 2006

A selecção da rádio

No plano desportivo as rádios viraram-se para a participação das selecções nacionais de futebol nos campeonatos Europeu de sub-21 e Mundial na Alemanha. Mudaram os títulos dos espaços temáticos de informação desportiva de forma a estabelecerem uma associação com aqueles eventos futebolísticos. Jornal de Desporto antes, agora Diário das Selecções, Diário do Mundial, Diário do Europeu etc. Na verdade, mudou o nome e o tempo dedicado às selecções em cada um daqueles espaços informativos, pois continuam a incluir notícias dos clubes de futebol, das transferências de jogadores que não estão nas selecções etc.

A participação da selecção nacional de futebol é um daqueles eventos que eclipsam outros acontecimentos passíveis de cobertura jornalística. As redacções mobilizam-se, os jornalistas preparam-se ...

Desde 2004 que a principal selecção de futebol tem sido acompanhada diariamente de forma exaustiva. Um dos exemplos é a transmissão em directo das conferências de imprensa. Esta prática representa pouco mais que a associação dos meios noticiosos - neste caso a rádio - ao próprio evento.

Numa selecção que privilegia a coesão do grupo - o que é normal - a opção dos seus responsáveis passa por não abordarem qualquer outro assunto que não seja a selecção ou o campeonato do Mundo. Não se fala de transferências, não se fala dos jogadores que não foram convocados. O objectivo é não "desestabilizar".

O que é que sabemos então das conferências de imprensa que a rádio tem transmitido em directo ? Que "o grupo está motivado", que "estou aqui é para ajudar a selecção", que "o mister Scolari é que vai decidir quem joga" que "respeitamos as outras selecções" etc, etc, etc.

Não há novidade. A rádio está presente, mas na verdadeira definição do termo, não está a informar.

Transmitir em directo conferências de imprensa com o conteúdo daquelas que se têm ouvido é uma forma da rádio dizer "Presente" e de se associar a um evento simpático para a opinião pública. Mas, mesmo conscientes disso, as rádios não abdicariam dessa transmissão. Poderia ser um tiro no pé, caso eventualmente, saísse dali novidade.

É o triunfo da actualidade sobre a informação.


Uma nota de rodapé

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