O DN publica hoje um artigo que relança o debate sobre os programas em directo com participação dos ouvintes ou telespectadores. O texto é motivado por um episódio ocorrido recentemente durante o programa "Opinião Pública" na SIC Notícias, quando um dos participantes insultou a apresentadora daquele espaço.
Estes programas encerram em si mesmo um perigo evidente que decorre do facto de serem em directo e de convocarem uma série de opiniões, sensibilidades, culturas etc. Mais uma vez a questão do equilíbrio entre possibilitar um espaço para o debate público e os perigos que daí advêm faz todo o sentido.
Num dos posts recentes neste espaço fiz referência à opção que a National Public Radio tomou relativamente ao programa Talk of the Nation. A rádio publica norte-americana tem um sistema de atraso entre o telefonema do ouvinte e a sua entrada no ar que permite à equipa do programa filtrar as participações em função de determinados critérios - aliás discutíveis do ponto de vista dos ouvintes.
Este método retira espontaneidade ao programa e atribui maior poder aos jornalistas na condução do espaço, mas talvez possa contribuir para evitar que surjam situações menos agradáveis em directo.
Ouvidos pelo DN, os responsáveis da TSF e Antena 1, que emitem programas de antena aberta, optam pelo pragmatismo.
José Fragoso (TSF): "Se o ouvinte viola o espaço que lhe é dado, tiramo-lo do ar e arrumamos a questão. Tão simples como isso."
João Barreiros (Antena 1): "Acabar com eles [com os programas] por medo do imprevisto seria profundamente negativo".
Também me parece que acabar com este tipo de programas seria uma má escolha, uma vez que, apesar de alguns momentos menos felizes protagonizados por alguns ouvintes, a verdade é que o Fórum da TSF, a Antena Aberta e outros espaços semelhantes que existem nalgumas rádios locais portuguesas são dos poucos exemplos da abertura dos meios de comunicação social à participação do público. E isso não deve ser menosprezado.
Paula Cordeiro, no seu blogue Netfm também fala desta questão.
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