A capacidade que a rádio tem para influenciar a agenda do dia decorre do seu dispositivo comunicacional, caracterizado pelo imediatismo, instantaneidade, simultaneidade e rapidez que classificam este meio de comunicação como um “medium” informativo por excelência.
“La rádio será, pues, la primeira en suministrar la «primera notícia» de un acontecimento y ésta es una de las principales características del periodismo radiofónico” (PRADO: 1985, 23).
Mas estas mesmas características tornam a rádio refém de um discurso determinado pela existência de curtos ciclos informativos. A consequência prática é que a rádio procura temas previsíveis que lhe garantam o preenchimento dos seus espaços informativos.
Um estudo conduzido por Villafañe el. al. sobre a informação difundida pelas televisões TVE e TVE3 e pelas rádios RNE e SER determinou que das cem notícias difundidas por aqueles órgãos, só cinco não estavam previstas.
Os noticiários da rádio ficam por isso amarrados a acontecimentos que emergem no dia e tendem a esquecer outros temas cujo interesse/significado não é imediato, que são transferidos para os fins-de-semana ou para programas de informação.
Vem tudo isto a propósito do dia da Ciência que a TSF decidiu incluir hoje na sua agenda. Ao fazê-lo, contrariou a tendência da rádio para tratar assuntos imediatos e colocou na discussão pública um tema de extrema importância, mas que dificilmente entraria nas agendas dos noticiários a não ser através da emergência de um qualquer acontecimento a ele ligado: o anúncio de um novo projecto, uma declaração de um responsável etc.
E com isto já hoje ouvimos um ministro a pedir mais dinheiro para o seu ministério.
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1 comentário:
Hoje a RR marcou agenda. Várias reportagens sobre a CGD.
João
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