Do seminário que a Associação Portuguesa de Radiodifusão (APR) promoveu na passada quinta-feira sobre a Rádio Digital sublinho duas ideias que me parecem resumir o encontro. A primeira, que a rádio será no futuro digital, a segunda que o futuro não está assim tão próximo, pelo menos em Portugal.
Apesar dos participantes terem concordado que a migração da rádio para o digital é um processo irreversível, subsistem algumas dúvidas quanto ao melhor sistema a adoptar numa perspectiva de melhor servir os ouvintes da rádio portuguesa.
A visão que atribui ao Digital Audio Broadcasting (DAB) o melhor cenário parece-me estar longe de ser consensual. Não está em causa as vantagens que o sistema trará para fabricantes, operadores e até mesmo para os ouvintes. O problema, parece residir, na consciência que esses mesmos ouvintes terão dessas vantagens de tal forma que os motive a adquirir os aparelhos necessários para a recepção.
Ou seja, o DAB pretende digitalizar a emissão em FM, precisamente aquela que menos problemas de recepção oferece para os ouvintes. Então o que os levará a mudar ? Foi uma das questões levantadas no seminário. A excepção parece ser o Reino Unido, onde a popularização do DAB tem sido excepcional - segundo dados divulgados na apresentação feita por Miguel Henriques, da Anacom, só no último período natalício foram vendidos cerca de 400 mil receptores.
Pelo contrário emerge cada vez mais o interesse pelo Digital Radio Mondiale (DRM) cujas vantagens parecem ser mais óbvias, pelo menos para os ouvintes, uma vez que pretende digitalizar a difusão que é actualmente feita em Onda Média e Onda Curta, cuja qualidade de som é claramente má. Uma experiência que pode ser feita aqui.
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